Mais uma crise humanitária à porta
Os ataques armados em aldeias do Niassa, na fronteira com Cabo Delgado, estão já a prenunciar uma crise humanitária na segunda província nortenha do país vítima do fenómeno. Poderá ser a reedição ou mais uma crise, depois do drama que há muito se assiste em Cabo Delgado, a primeira província a sofrer os ataques terroristas do grupo Al Sunna Wa Jammah.
Actualmente, segundo se sabe, na expansão para o Niassa, o grupo continua a confinar as suas acções no distrito de Mecula, particularmente nas aldeias limítrofes, a exemplo de Naulala. Assim, e por causa dos recorrentes ataques, o número de deslocados internos que chega à sede distrital continua a aumentar e a alertar para dias difíceis. Com efeito, o rastreamento pemanente da Organização Internacional das Migrações (OIM) em Moçambique conseguiu contabilizar, a 24 de Dezembro, um total de 3.337 pessoas que tinham chegado à sede distrital, fugindo da acções macabras dos grupos terroristas que, depois de Cabo Delgado, agora ensaiam expandir as suas acções para outros territórios, numa estratégia que, também, parece resultar da intensificação da ofensiva das Forças de Defesa de Moçambique, que agora contam com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.
Nisto, só no dia 24 de Dezembro, exactamente à véspera do natal, 479 pessoas foram contabilizadas a chegar à sede distrital de Mecula. Do ponto de vista de famílias, as 3.337 pessoas deslocadas correspondem a cerca de 964 agregados.
“Mais [pessoas] são esperadas para chegar nos próximos dias. Os recém-chegados residem em locais provisórios (Escola Primária 16 de Junho e Bairro 1 Culutando). Todos os deslocados internos são originários de Naulala e localidades vizinhas” – refere o flash report da OIM em Moçambique, num rastreamento e sistematização de dados que conta com a participação do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD).
Neste momento, os deslocados dependem unicamente de apoios para sobreviver, pois, tudo deixaram para trás. Essencialmente, precisam de apoio alimentar, água e abrigo. Este movimento populacional corresponde ao período que começa a 3 até 24 de Dezembro corrente.
MEDIAFAX – 28.12.2021