A viúva da autoproclamado Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, morto em combate, em Outubro, exige a libertação dos seus sete filhos, alegadamente raptados, há um ano, por elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS), mas a polícia diz que não há nenhum registo dessa ocorrência.
“Quero que o Governo me devolva as crianças. O pai já morreu. Era militar e morreu pelas suas obras, então as crianças foram raptadas por causa das obras do seu pai”, diz à VOA, Amélia Marcelino, sobrevivente da emboscada na qual marido perdeu a vida.
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Falando na língua Chisena, Amélia Marcelino, ex-guerrilheira da Renamo desmobilizada com a patente de Major, realça que entre os filhos raptados está o primogénito de Nhongo, que deveria estar a desempenhar um papel crucial na ausência do pai, uma vez que “já não tenho forças suficientes para tomar conta” de todos os filhos.
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“Eu peço ao Governo, se já os matou para me dar informação”, diz Marcelino que tal como outros membros da família acredita que os filhos foram raptados como forma de forçar a rendição de Mariano Nhongo.
Mas, contactado pela VOA, o porta-voz do comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Daniel Macuacua, diz que a corporação não tem nenhum registo de rapto de filhos de Mariano Nhongo.
“Crianças raptadas de Mariano Nhongo, não tenho conhecimento. Não tenho conhecimento de um rapto que tenha ocorrido e sido participado em qualquer subunidade policial”, afirma Macuacua.
Nhongo, que se opunha à liderança de Ossufo Momade na Renamo e exigia a reformulação do acordo de paz com o Governo, reivindicou e foi acusado de vários ataques que mataram dezenas de pessoas entre Sofala e Manica, no centro de Moçambique.
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Para o analista político Wilker Dias, este caso é consequência social do legado negativo do fundador da autoproclamada Junta Militar, mas considera a exigência de Amélia Marcelino como "legítima de uma mãe”.
“O discurso dela é uma aceitação de que o conflito acabou, que a principal cabeça desse conflito já não existe mais, não existindo mais, já não há motivos para manter as crianças em cativeiro”, observa Wilker Dias.
Amélia Marcelino foi desmobilizada, mas voltou a engrossar as fileiras da Renamo e depois da Junta Militar, quando reacendeu o conflito no centro de Moçambique.
VOA – 28.12.2021