RESUMO DA SITUAÇÃO
A época de festas foi sangrenta no norte de Moçambique, com a violência a continuar tanto no sudeste como no noroeste da zona de conflito.
Pouco antes do meio-dia de 15 de Dezembro, os insurgentes surpreenderam um pastor da igreja e sua esposa nas suas machambas nos arredores de Nova Zambézia, distrito de Macomia, uma vila ao longo da N380, cerca de 20 quilómetros ao norte da vila de Macomia. Os insurgentes mataram o pastor e o decapitaram-no no local, depois ordenaram à sua esposa que levasse a sua cabeça à polícia moçambicana em Nova Zambézia, como um aviso. De acordo com uma fonte na área, a mensagem de propaganda que os insurgentes ordenaram que a mulher transmitisse foi que “enquanto vocês [forças governamentais] andam em estradas alcatroadas, homens de verdade [insurgentes] estão na mata”. Nova Zambézia foi um local frequente de confrontos entre insurgentes e forças moçambicanas nas semanas que antecederam o ataque.
Essa linha de propaganda tem pelo menos duas utilidades para os insurgentes. Em primeiro lugar, indica a crença da insurgência na sua permanência no distrito de Macomia, um distrito que as forças da Missão de Força em Estado de Alerta da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM) têm a principal responsabilidade de proteger. Com o mandato do SAMIM a chegar ao fim e a extensão ainda por decidir até a data do incidente, a demonstração de força da insurgência em Macomia destina-se provavelmente, em parte, a intimidar os governos da SADC sobre os custos de permanecer em Moçambique. Em segundo lugar, o conteúdo da mensagem faz lembrar o problema táctico central enfrentado pelas forças moçambicanas e aliadas na grande maioria do conflito: a sua capacidade de operar é severamente restringida quando saem das estradas principais porque o seu equipamento e treino são baseados em torno de blindados em infantaria ou de capacidade de assalto aéreo. Ao defenderem que a dinâmica tática não mudou, os insurgentes argumentam a uma audiência civil que os interventores estrangeiros não alteraram os fundamentos do conflito, apesar dos sucessos ruandeses nos distritos Mocímboa da Praia e Palma.