Uma autêntica dor de cabeça
As novas estratégias adoptadas por grupos terroristas, depois de terem sido desalojados de várias bases, está a transformar-se numa autêntica dor de cabeça, tanto para as Forças de Defesa e Segurança, assim como para as forças amigas do Ruanda e as integradas na Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM, na sigla em inglês).
A dor de cabeça e o pesadêlo estende-se para a população local, que continua a não ter paz e tranquilidade. Mais ainda, a população local continua a ver as suas residências vandalizadas e incendiadas, bens destruídos e pilhados, assim como assassinato de parentes. Esta tem sido a realidade em muitas aldeias das zonas centro e norte de Cabo Delgado, nos últimos dias.
Com efeito, depois da série de ataques que teve lugar nas últimas semanas, em acções protagonizadas por grupos terroristas bastante reduzidos do ponto de vista numérico, a estratégia continuou a fazer vítimas ao longo do último fim-de-semana.
Nisto, o mediaFAX recebeu relatos de terem sido atacadas aldeias dos distritos de Nangade, na região norte da província, assim como Macomia e Meluco, no centro. No concreto, aponta-se um ataque que aconteceu quando eram 9 horas de sábado, num campo agrícola, da aldeia Nova Zambézia, distrito de Macomia, centro de Cabo Delgado. Nesta incursão, há indicação de três corpos terem sido encontrados decapitados.
Porque as acções tem sido recorrentes naquela zona, a população, praticamente vive nas matas e não no centro das aldeias. Mas parece haver um cenário de perseguição por parte de bandos terroristas, mesmo com a presença e circulação das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e aliados.
Já no distrito de Meluco, zona centro de Cabo Delgado, falou-se de uma incursão na aldeia Mitepo. A aldeia fica perto de Nkura, que também está próximo de Nanjua. Aqui, diz-se que o ataque teve lugar quando eram 3 horas da madrugada. Não foram relatadas vítimas humanas, aparentemente porque muitos residentes tinham, prévia e preventivamente, abandonado a região depois de aldeias próximas terem sido atacadas nos últimos dias.
“Algumas pessoas andaram a pé até Montepuez, Silva Macua e Ancuabe. Em Pitolha [aldeia de Meluco atacada semana passada] tinham feito reféns a muitas pessoas, durante dois dias” – relatou uma fonte local, mostrando preocupação com os reiterados ataques, numa altura que existe a percepção de as forças governamentais e amigas estão a ganhar terreno.
Já na vila distrital de Meluco houve relato de bastante agitação, depois de militares terem entrado na sede. A agitação foi acompanhada por abandono de muitas famílias por suspeita de aproximação terrorista. Parte das pessoas seguiu viagem em direcção ao distrito de Montepuez.
Houve ainda indicações de ataque na aldeia 3 de Fevereiro, no distrito de Nangade, norte da província. Descreve-se, por outro lado, o que se considera “pronta intervenção” das forças governamentais e amigas. Estando a aldeia 3 de Fevereiro localizada a seis quilómetros da sede de Nangade, fontes locais relataram estrondosos intensos que eram ouvidos na sede, realidade que também criou agitação.
MEDIAFAX – 17.01.2022