Um crescente número de militares chineses de organizações de segurança privadas estão a operar em África para proteger projectos de construção de firmas do país, revelou o Centro Africano de Estudos Estratégicos (ACSS na sigla inglesa) sediado em Washington.
Citando um estudo do Africa Defense Forum, a ACSS diz que pelo menos nove companhias de segurança chinesas operam agora na África sub-sahariana onde estão a ser construídos dezenas de projectos de infraestruturas ao abrigo da iniciativa “uma Faixa, Uma Rota” que produzem mais de 50.000 milhões de dólares de rendimentos anuais para mais de 10.000 companhias chinesas e onde trabalham centenas de milhar de cidadãos chineses.
Num artigo publicado na seu portal da internet, o ACSS faz notar que companhias militares privadas não são ilegais em termos estritos da lei internacional.
“Embora as Nações Unidas e a União Africana proíbam o uso de mercenários, as restrições não mencionam nada sobre companhias militares privadas”, diz o artigo que faz notar que peritos consideram no entanto que o pessoal que trabalha para essas companhias são na verdade mercenários.
A companhia Beijing DeWe Security Service tem actualmente cerca de 2.000 “pessoal de segurança” no Quénia para proteger a linha de caminhos de ferro entre Mombassa e Naivasha.
A mesma companhia tem um contracto de protecção de um projecto de gás natural na Etiópia e Djibouti.
“Outras companhias protegem minas de propriedade chinesa na África do Sul, fornecem segurança a projectos da “Iniciativa Uma Faixa Uma Rota” na Somália e protegem corredores de transporte no Golfo da Guiné e no Golfo de Aden”, acrescenta o ACSS.
“Quando 330 trabalhadores petrolíferos chineses foram encurralados entre facções rivais no Sudão do Sul em 2016, pessoal contratado da DeWe foi enviado para os salvar”, acrescenta.
A notar no entanto que até agora os mercenários chineses têm atá agora restringido as suas actividades a proteger os investimentos comerciais da China não se intrometendo em conflitos internos, ao contrário do que acontece com os mercenários da companhia russa Wagner que estão envolvidos na guerra civil no Mali, Líbia e outros países africanos, e actuaram também no norte de Moçambique.
Ao contrário da Wagner da qual o governo russo oficialmente se demarca, as companhias de segurança militar chinesas têm que ter uma participação do governo chinês.
A DeWe foi formada em 2011 por antigos oficiais do Exército Popular da China e da Polícia Armada Popular que trabalharam em conjunto para a segurança dos Jogos Olímpicos de Pequim.
O Centro de Estudos Carnegie Endowment, sediado em Washington, disse por seu turno anteriormente que a DeWe está a expandir as suas actividades para os Camarões, Chad, República Democrática do Congo, Gabão e Nigéria.
Um outro estudo da "Iniciativa de Investigação China Africa", da Universidade Johns Hopkins, disse que outra companhia de segurança chinesa sediada em Hing Kong, a China Security Technology Group, opera em Moçambique.
VOA- 16.01.2022