Grupos terroristas continuam a protagonizar terror
Depois de uma série de ataques que, ao longo da semana passada, visaram aldeias de quatro distritos do centro e norte de Cabo Delgado, incursões terroristas continuam e o cenário de pavor retorna às comunidades que, de forma paulatina, tentavam reconstruir o que desde Outubro de 2017 têm estado a perder.
Com efeito, nos últimos dias, aldeias dos distritos de Mueda e Nangade foram alvo de ataques. No concreto, na sexta-feira, houve relato de ataque às aldeias Nkonga e Lijungo. Até ontem, domingo, localmente se conseguia confirmar a morte de quatro pessoas, das quais, um membro da chamada força local.
No caso, relata-se corpos que foram encontrados decapitados. A circulação de terroristas e os ataques que duram já alguns dias em várias aldeias estão a fazer com que muitas famílias reiniciem a marcha de retorno a locais tidos como seguros. Uns deixaram as aldeias e estão nas matas, enquanto outras, em maior número, estão, de novo, a chegar à sede distrital de Nangade.
Além do ataque a aldeias de Nangade, outro foi relatado no posto administrativo de Ngapa, na aldeia comunal Alberto Chipande, que está nas proximidades do Rio Rovuma. O ataque teve lugar sábado e há relato de dois mortos.
Fontes identificam o adjunto líder da aldeia como um dos dois mortos desta que é mais uma incursão de bandos armados, que parece estarem a conseguir reerguer-se, apesar das ofensivas das Forças de Defesa e Segurança, com apoio das tropas amigas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e do Ruanda.
Estas acções, tal como se viu na semana passada, acontecem à véspera da cimeira extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, que pretende avaliar a evolução das acções de combate ao terrorismo em Cabo Delgado. A reunião, segundo se sabe, foi reagendada para ter lugar nesta quarta-feira, mas um dia antes terão lugar várias reuniões preparatórias, que vão incidir a abordagem em aspectos técnicos que devem merecer avaliação e decisão dos Chefes de Estado e de Governo já na quarta-feira.
Depois do ataque a aldeia também denominada por Nachipande, algumas famílias fugiram para a aldeia sede de Ngapa, outros em direcção a Namatil e Naida. Este ataque deixou bastantes questionamentos no seio da população, particularmente pelo facto de muitas aldeias fronteiriças disporem de efectivos e várias posições das Forças de Defesa e Segurança.
Capturado comandante terrorista
Por outro lado, notícias de Macomia, indicam a captura de um dos líderes do grupo terrorista que, desde Outubro de 2017, semeia dor e luto nas regiões centro e norte de Cabo Delgado. Trata-se de Amade Muhamed Daude, que não terá conseguido resistir numa das bases atacadas pela força conjunta nas margens de Messalo, em Dezembro último.
Ele e outros elementos terão deixado a base e saído em fuga. Terá sido capturado nas margens do rio Rovuma, aparentemente quando tentava atravessar a fronteira em direcção à Tanzânia.
É descrito como tendo 32 anos, nascido na Tanzânia e filho de pai daquele país vizinho e mãe moçambicana.
Comandante visita força do Lesotho
Enquanto isso, ainda na semana passada, o Comandante da Força da SAMIM (SADC), Xolani Mankanyi, visitou o contingente militar do Lesotho no distrito de Nangade. Aquele dirigente, que tem a patente de major general, felicitou a força de Lesotho que em finais de Dezembro de 2021 destruiu uma das principais bases dos terroristas do Al Sunnah Wa Jama’ah e forçou a fuga de Bonomade Machude Omar e o seu aliado principal. “Foi dado um golpe muito duro ao grupo extremista Islâmico aqui em Nangade em 2021 e este ano não vamos vacilar”, prometeu ele.
MEDIAFAX – 10.01.2022