EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (92)
Presidente, faço-me hoje de arauto do povo: as portagens da Circular de Maputo estão ou não ao interesse da corrupção? È que isto não merece eufemismos: ê uma descarada pilhagem. Estão a rapinar o Pais.
E veja que nem se deram ao trabalho de dissimular. As ilegalidades são visíveis a olho desarmado. A sua irrazoabilidade está clara e o interesse único de desenhar projectos para o enriquecimento da súcia dos camaradas.
Como é que temos portagens dentro de um município? Onde é que o Presidente viu portagens dentro de um município? As portagens, afinal, não são colocadas sempre na entrada e saída de uma cidade? Essas coisas de portagens dentro de uma cidade só acontecem em Moçambique, É mais um esquema de pilhagem. De espoliação do povo. Está inequivocamente claro que a Frelimo não quer, neste País, cidadãos honestos. Como é que se pode viver honestamente nestas circunstâncias?
E é bom que saiba. Presidente: não gostei do pronunciamento do ministro João Machatine. Ele não pode, numa situação em que o povo está revoltado, dizer que a questão das portagens é irreversível.
De boca fechada este senhor é poeta. E é bom que o senhor Machatine saiba que os governos estão para servir o interesse público e não podem dizer que uma determinada situação é irreversível. Afinal, quem manda neste Pais? O Machatine ou o povo?
É por isto e mais coisas que Moçambique contínua a ocupar lugares cimeiros no que tange à corrupção. Somos mundialmente famosos! Quer dizer que a lama em que chafurda a administração pública, em todos os níveis de Governo, continua a entravar o pleno desenvolvimento económico e social de Moçambique. E a culpa é de um certo partido que governa este Pais desde o dia que içámos a bandeira nacional.
Um dia, faremos o haraquirí defronte mesmo da Presidência da República. Ou escolheremos, para o efeito, uma ocasião em que a família presidencial estiver reunida - veremos se a primeira dama terá coragem de assistir serenamente. Não é suportável que o povo se quede assim desamparado, Nada mais. Presidente, o povo vos pode dar, a não ser o seu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar a sugar o povo moçambicano, ele (o povo) oferecerá em holocausto a sua vida.
DN – 28.01.2022