RESUMO DA SITUAÇÃO
A violência insurgente continuou na semana passada tanto no distrito costeiro como no interior de Macomia.
De acordo com uma reivindicação do Estado Islâmico (EI), os insurgentes atacaram Olumboa, uma vila na costa do distrito de Macomia, a oeste da Ilha Matemo, a 31 de Janeiro. Lá, segundo um relato, os insurgentes mataram um civil na aldeia, que o grupo acusou de colaborar com milícias locais. Nenhuma fonte independente corrobora a alegação.
No dia seguinte, na própria Ilha Matemo (que faz parte do distrito do Ibo), os insurgentes lançaram um ataque à tarde que se prolongou pela noite. Chegados de barco, os insurgentes queimaram edifícios – incluindo um hospital – e saquearam alimentos e outros bens na vila de Matemo, matando pelo menos três civis no processo. Um relato local estimou um número de mortos muito maior, dizendo que 19 pessoas foram mortas no ataque. Mais tarde, o EI reivindicou o ataque, afirmando que os insurgentes queimaram 60 casas e roubaram cinco barcos, mas sem mencionar nenhuma morte. Os insurgentes permaneceram na vila durante a noite, saindo apenas na manhã seguinte, quando foram atingidos por aviões, presumivelmente helicópteros militares moçambicanos. Eventualmente, os insurgentes deixaram Matemo com seis barcos roubados, um dos quais foi recuperado mais tarde com bens roubados no seu interior.
Os insurgentes também deixaram para trás graffitis em Matemo, desfigurando uma lona com a marca da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional com uma mensagem em Kiswahili a dizer aos civis que as tropas da Missão de Força em Estado de Alerta da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM) e Ruanda não os protegerão da coação insurgente. O grafite e o próprio ataque são notáveis por sua ousadia. Os insurgentes abstiveram-se em grande parte de desafiar diretamente as forças ruandesas desde que perderam o controle de Mocímboa da Praia, preferindo operar em áreas patrulhadas por tropas moçambicanas e SAMIM, que demonstraram menor eficácia no combate aos insurgentes. Do mesmo modo, os insurgentes evitaram operações prolongadas em áreas com pouca cobertura arbórea desde a chegada dos intervenientes estrangeiros, numa tentativa de limitar a utilidade dos meios aéreos estrangeiros e moçambicanos. Lançar um ataque de vários dias à ilha e confrontar retoricamente os militares ruandeses é notável tentativa de demonstração de força vindo de uma insurgência que muitos analistas consideravam estar em fuga meses antes.
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