Resumo da Situação
Os meios de comunicação pró-governamentais ruandeses começaram na semana passada a divulgar reivindicações destinadas a avançar a narrativa de que a insurgência no norte de Moçambique está quase derrotada. Os meios de comunicação pró-governamentais moçambicanos terminaram a semana seguindo o exemplo. Reportagens na mídia ruandesa descreveram as operações de limpeza da semana anterior no distrito de Palma por uma força conjunta de militares ruandeses, polícia ruandesa e militares moçambicanos como tendo sido um grande sucesso, em que “células terroristas” foram desfeitas e novos esconderijos insurgentes foram desmantelados.
No entanto, surgiram no final da semana detalhes em reportagens transmitidas na televisão estatal moçambicana, TVM, do correspondente Brito Simango que está incorporado na força conjunta. As imagens mostram-no a explorar um dos 16 abrigos subterraneos que supostamente serviam como principal base de comunicações dos insurgentes em Nhica do Rovuma, distrito de Palma. A localização densamente arborizada foi apontada como estando a 18 kms da fronteira com a Tanzânia, e os líderes insurgentes que ocuparam a área foram considerados tanzanianos. Segundo os relatos ruandeses, dois insurgentes foram mortos, dois foram capturados e 17 civis foram resgatados, mas no domingo, Simango colocou o número de insurgentes mortos em sete. Numa entrevista em vídeo, o comandante da Força Especial de Ruanda, major Steven Kuraba, declarou: “Palma está até agora limpa”, acrescentando: “Não houve resistência, não houve resistência. Eles tiveram que correr, então se mudaram para outro distrito: Nangade.” A expulsão dos insurgentes do oeste de Palma, e sua subsequente fuga para o distrito vizinho de Nangade, onde as forças da Missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM) estão estacionadas, é discutida no Foco do Incidente desta semana abaixo.
Leia aqui Cabo Ligado Semanal: 14-20 de Fevereiro de 2022 — Cabo Ligado