PATRIMÓNIO CULTURAL EM “IMINENTE” EXTINÇÃO
As casas de Macuti fazem parte do património cultural e tem um significado arquitectónico da Ilha de Moçambique.
Entretanto, essas casas, cujo revestimento de cobertura é feito com base a Macuti – folhas de coqueiro - (palmeiras), estão em vias de extinção ao nível daquela cidade, pois há uma tendência de substituir o macuti por chapas de zinco, uma acção que, evidentemente, contraria a linguagem e beleza arquitectónica da região.
Sabe-se que, a cidade de Macuti tem sete bairros, que são os assentamentos mais populosos da ilha, em relação à cidade de Pedra, que é um museu vivo, com edifícios religiosos, administrativos, comerciais e militares, que testemunham o seu papel como a primeira sede do governo colonial português.
Falando em torno do assunto, o director da Faculdade de Arquitectura e Planeamento da Universidade Lúrio, Bernardo Xavier, aponta duas razões para a possível extinção de casas de Macuti na Ilha de Moçambique: a primeira é que na altura em que aquele tipo de casas foi concebido, a condição de vida da população era de extrema pobreza, a segunda é que a globalização melhorou o acesso à chapas de zinco.
“Antigamente construir uma casa coberta de macuti era sinónimo de pobreza. E o número de habitantes era reduzido, sendo que as palmeiras disponíveis eram compartilhadas e chegavam para quase todas as famílias” – justifica a nossa fonte.
Actualmente, de acordo com Xavier, aquele material tende a escassear em virtude da demanda. E a população faz poupanças para adquirir chapas de zinco, no sentido de evitar as exigências do macuti e, como consequência, há uma tendência generalizada de eliminar aquela prática cultural, o que fere as questões patrimoniais daquela cidade.
Entretanto, há organizações e instituições de pesquisa que instam a população no sentido de manter o modelo de casas cobertas de macuti, uma imposição que não agrada algumas pessoas. Ou seja, algumas famílias não concordam que continuem a viver nas casas de macuti, pois, supostamente, para além de escassear o material, as palmeiras são de custo elevado, em relação a outro material de cobertura, por exemplo chapas de zinco.
Bernardo Xavier diz que é possível resgatar e manter as casas de macuti, mas, para isso, há necessidade de definir o material alternativo, pois a realidade mostra que a demanda é maior.
“É possível preservar as casas de macuti, mas precisamos pensar em algo alternativo. No passado, era possível, porque a taxa demográfica era reduzida e agora a população aumentou e isso mostra-se insustentável”, afirmou Xavier.
WAMPHULA FAX – 22.02.2022