ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
E quando quando foi dissolvida a US, George Kennan foi muito crítico com relação à expansão da NATO e como diz a Mary Saratte, «foi um erro histórico». E tem um artigo de [97] de Georges Kennan onde ele reitera e explica melhor porquê é que ele achou que a expansão da NATO e como ela ocorreu acabaria sendo a origem do declínio das relações com EU, de maior fricção e possivelmente o ressurgimento duma espécie de guerra-fria entre os dois países; Rússia e EU.
E, no artigo de 19[97] de autoria de George Kennan publicado pelo New York Times ele diz o seguinte: o título é; o erro fatal: expandir a NATO seria uma repulsa a democracia da Rússia. E o trecho que marquei é o seguinte:
«a visão declarada de forma nua e crua é que expandir a NATO seria o erro mais fatal da política americana em toda a era pós guerra-fria. Tal decisão pode ser esperada que inflame as tendências nacionalistas, militaristas e antiocidentais na opinião russa, também é esperado que tenha efeitos adversos no desenvolvimento da democracia russa, a restaurar o ambiente de guerra-fria nas relações oriente e ocidente e a impelir a política externa russa em direcção as acções que nós decididamente não gostaríamos. E por fim, tornaria muito difícil e senão impossível garantir a ratificação da Rússia nos acordos para atingir mais reduções de armas nucleares».
Então, está aí a posição do George Kennan, pai da teoria de contenção da expansão da US. A pergunta seria a via directa pela expansão da NATO para garantir a segurança da Europa pós guerra-fria, havia outra alternativa? E, é isso que traz a Mary Saratte no seu livro. Porque … havia uma outra forma de garantir a segurança um pouco mais subtil, não talvez beligerante acabaria não sendo encarada de forma beligerante ou uma afronta pelos russos, porque a expansão da NATO é encarada dessa maneira e essa outra via se chamava; «parceria da paz».
Um acordo da NATO que tinha inclusive a Rússia como uma das signatárias. E é uma forma um pouco diferente, porque provia um caminho para que os países do Leste europeu, pouco a pouco pudessem fazer parte da NATO, mas não da forma directa como foi feita. E o livro da Mary Saratte, trás todos esses detalhes e conta como infelizmente essa alternativa acabou sendo deixado de lado, porque ambos os lados Ocidente e Rússia tomaram umas atitudes [comportamentos] militares e diplomáticas que fizeram com que as relações azedassem por completo.
Dentre elas a invasão da Rússia na Tchetchénia no final de 19[94], e esse acordo de «parceria da paz» foi assinado em Fevereiro de [94] e no fim do ano a Rússia invade a Tchetchénia, inicia uma guerra. Pelo lado do Ocidente, essa foi a queixa e começou também a azedar as relações.
Pelo lado da Rússia, Vládimir Putin afirma isso na citação que acima atirei; em [99] quando ouve o bombardeamento pelas forças da NATO na Jugoslávia, que foi um bombardeamento que não teve autorização do CS da ONU e o que Putin diz: então não é uma aliança defensiva! E vocês agora estão atacando um país, como é que agente pode confiar em vocês!
De facto, a quebra de confiança vem ocorrendo dos dois lados, por isso, que a relação diplomática vem-se deteriorando há bastante tempo e culminando agora com a tensão da Ucrânia.
Então, esses foram os grandes motivos ou factores para essa deterioração. Mas, não acabou nesse bombardeamento da NATO em [99], teve depois em 20[08] pelo lado da Rússia a invasão na Geórgia e finalmente em 20[14] com anexação da Crimeia pela Rússia, durante a Revolução na Ucrânia que levou a fuga do seu Presidente, que foi visto por muitos países e correctamente que era um fim do Acordo de Budapeste.
O memorando de Budapeste onde a Ucrânia assinou com Inglaterra, EU e Rússia, que destruiria armas nucleares ou entregaria de volta a Rússia, também os países signatários, garantiam a soberania da Ucrânia e que não avançariam nas suas fronteiras. Mas, depois vem a Rússia anexa a Crimeia, financia ou apoia os separatistas da Região de Donbáss.
De facto, essa foi uma atitude da Rússia vista pelo Ocidente como um fim do memorando de Budapeste. Logo, podemos dizer hoje as relações estão tensas, é o pior momento das relações entre EU, especialmente EU e a Rússia pós guerra-fria e ainda não temos uma solução, e o grande ponto é, como garantir a segurança da Ucrânia, a sua soberania, sem precisar entrar na NATO. Ingressar na aliança militar, para a Rússia isso é inadmissível, mas o Ocidente segue dizendo, que não vai negar um eventual acesso da Ucrânia na NATO e que a política de portas abertas vai permanecer.
Portanto, as questões [nevrálgicas] para ambos os lados seguem sem serem entendidas e muito menos atendidas.
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [14] de Fevereiro 20[22]