O Presidente da República, Filipe Nyusi, apelou esta quinta-feira, 17 de Fevereiro aos países desenvolvidos para que reconsiderem a questão da dívida à África, não no sentido do adiamento, mas do perdão total.
Falando em Bruxelas no decurso de um fórum sobre a saúde, promovido pelo Conselho Cooperativo Europeu, à margem da VI cimeira da UE-África, que decorre nesta cidade, o Presidente da República justificou tal pedido com o facto de os países africanos se terem tornado muito frágeis devido à crise sanitária decorrente do covid-19. E tal fraqueza teve maior impacto no sector da Saúde.
Porque o fórum serviu para a troca de experiências entre a Europa e África nesta área, Nyusi falou especificamente do caso de Moçambique que, valendo-se do que chamou de “diplomacia de saúde”, conseguiu assegurar, ao mínimo, serviços de saúde para a população.
“Conseguimos reduzir a mortalidade infantil, as mortes por cancros da mama e da próstata, bem como por tuberculose. Agora queremos reforçar a formação para darmos resposta aos principais desafios do sector”, disse ao Notícias.
Acrescentou que, mercê da “diplomacia de saúde”, que consiste na troca de experiências com outros países neste domínio, Moçambique possui um plano de vacinação contra covid-19 que já permitiu a imunização de pouco mais de 30% de um universo de 30 milhões de habitantes. Em breve, segundo anotou, começará a vacinação de maiores de 15 anos, o que acontece mercê da solidariedade com outros países.
Falou também do projecto “Um distrito, Um hospital” e da extensão de água para as zonas recônditas, tudo em prol da melhoria da saúde da população. “Continuamos na busca de parcerias para a área da Saúde”, apelando a um trabalho conjunto com parceiros para levar a saúde às zonas rurais.
Na sua intervenção focada ao tema “Nova era nas relações entre a UE-África, através da diplomacia da saúde”, Filipe Nyusi reconheceu a aproximação crescente entre os dois blocos, isto desde a primeira cimeira realizada no Cairo, no ano de 2000, mas disse ser necessário que a parceria saia da retórica para a acção e que as partes se tratem de igual para igual, na base de respeito mútuo, mesmo havendo divergências.
“África deixou de ser um continente de que se fala, passando a continente com que se fala. O que acontece em África é importante para a Europa, tal como o que acontece na Europa é importante para a África”, indicou o estadista moçambicano, acrescentando que África ficou refém de alguns países de “boa vontade”.
Como exemplo disso referiu-se à disparidade na distribuição de vacinas, alertando que não basta a Europa vacinar toda a sua população. É necessário que alargue essa solidariedade para o alcance da sustentabilidade. Este fórum contou com a participação de outros chefes de Estado e de Governo convidados para o efeito
Entretanto, a XI cimeira da UE-África já decorre em Bruxelas, com o Presidente da República a participar em várias mesas-redondas em que se debatem vários temas. Moçambique elegeu para o efeito os temas sobre a paz e segurança, transição energética, fortalecimento da saúde e distribuição de vacinas. A cimeira encerra ainda hoje com a adopção de uma declaração conjunta atinente à “Visão Conjunta 2030”.