Estou aqui a pensar na REABILITAÇÃO de uma casa, que vai custar ao nosso erário 16 milhões de meticais (mais de 230 mil dólares). Com esse valor não se compra uma nova casa? Ou em Moçambique a inflação é tão alta que com esse valor só se pode comprar uma tipo 2 no Bairro do Alto-Maé?
Como é que temos tamanha coragem de reabilitar a casa de alguém que tem direito a viver numa casa protocolar em que tudo está pago, desde comida, água e luz, combustível, até viagens de férias para toda a família. Assim, o salário só vai para poupança e/ou pagar os caprichos que os ilimitados cartões de representação não podem mais cobrir? Ou seja, a dona da casa, com o seu salário não pode reabilitar a sua casa, como uma pessoa normal faria?
O que é isso de "adequação protocolar?
E de onde vem tamanha coragem numa altura em que:
- Milhares de pessoas vivem em tendas em Cabo Delgado porque o Governo (diz que) não tem dinheiro para construir-lhes casas? Ou passam fome porque não temos dinheiro suficiente?
- Milhares de alunos estudam debaixo de árvores, quando chove não estudam, porque o Governo diz que não tem dinheiro para construir salas de aula? Nem mesmo para transformar "TPMs" avariados em salas de aula?
- Quando alunos no sistema público estão a estudar duas vezes por semana porque não ha condições para manter higiene e distanciamento, protegendo - os da COVID?
- Quando temos milhares de pessoas em vários bairros do país, a viverem na água porque os governos central e local dizem não ter dinheiro para montar sistemas de drenagem das águas pluviais.
- Milhões de moçambicanos vivem no lixo porque o governo diz que não tem dinheiro para garantir saneamento do meio.
Vou parar por aqui, porque poderia trazer questões de acesso à água potável - que dignidade tem um povo que partilha água com animais, usa a mesma água para beber, lavar roupa e banhar-se?, acesso à medicamentos, segurança, vias de acesso...
Quais são as prioridades deste país? Como as definimos? Será justo num país pobre os dirigentes tirarem comida da boca das crianças para alimentar seus CAPRICHOS?
Quando é que decidimos que era mais importante dar dignidade aos dirigentes num país em que milhões vivem na indignidade humana? Em que as crianças e jovens perderam completamente a esperança devido às dificuldades que enfrentam?
O estado de coisa jamais mudará enquanto não tivermos coragem para exigirmos reformas profundas e refundarmos o nossos Estado.
Bastaaaaa...!🙆
Fátima Mimbire
NOTA: Enquanto o povo moçambicano consentir que a FRELIMO seja dona de Moçambique, assim foi e será.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE