ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Lá fora as coisas não andam muito bem, completou agora [30] dias que a Rússia invadiu a Ucrânia, e nós estamos todos os dias acompanhando o que está acontecendo como se estivéssemos assistindo uma novela; uma novela real cujo final nós não sabemos qual será, mas existem muitos indicativos, e quase todos analistas que eu tenho acompanhado ao longo desses últimos dias pelo mundo lá fora; analistas americanos, europeus, latino-americanos [brasileiros], todos eles convergem para uma mesma direcção. É sobre isso que eu vou conversar com vocês nesta carta.
Bom, para começar se agente puder fazer algum paralelo nesse história, para agente intuir para que lado nós estamos indo eu gostaria de pegar aquilo que aconteceu com Argentina algumas décadas atrás, quando o Governo, a ditadura Argentina resolveu para causar uma coesão nacional diante de um problema interno que eles tinham de crise económica, desemprego e indicadores sociais muito baixos enfim…pensaram em invadir as Malvinas, que era ocupada pelos ingleses achando que não haveria grandes reacções em relação a isso.
Pode ter sido um erro de cálculo do espírito argentino contra os ingleses, só que, os ingleses resolveram levar a história a sério e deslocaram um aparato gigantesco para América do Sul, lembrando que a Inglaterra já era uma potência nuclear naquele momento.
Então, se você perguntasse para algum analista naquele momento o que é que poderíamos esperar daquele conflito, se a Inglaterra venceria ou Argentina, eu garanto a vocês que não tinha ou não existiu nenhum analista que pudesse ter apostado todas fichas na Argentina, por uma questão muito prática, analisando nas forças que estavam de cada lado, os apoios, o poderio militar e o poderio nuclear.
Bom! O resultado agente viu qual foi. De facto, o resultado previsto aconteceu como acontece em todas as vezes que você tem uma força muito poderosa de um lado, e uma força muito fraca do outro lado.
Quando eu traço esse cenário, qual a perspectiva que vocês podem encontrar em todos analistas mundo lá fora. Vocês acham que tem algum analista que esteja apostando que a Ucrânia irá reverter esse processo? A meu ver, haveria uma única possibilidade que seria uma grande temeridade para o mundo que a Estados Unidos [EU] entrasse firmemente nesse conflito e aí nós poderíamos ter um conflito de escala nuclear.
Muitos analistas pensam que esse conflito não começou agora. Ou seja, o Presidente Putin não acordou um dia e disse: háaa…agora vou invadir a Ucrânia. Não! Não foi destarte que a coisa aconteceu. Se agente quiser remontar as causas desse conflito temos que voltar até 20[14] com a queda do Governo que estava instalado em Kíev, depois da primavera árabe, de vários conflitos que o mundo foi tendo concomitantemente com o derrube de Governos considerados autoritários para no seu lugar serem colocados Governos democráticos.
Por um, por outro lado, muitos analistas entendem que houve uma grande participação e incentivo da inteligência dos Estados Unidos [EU], nesses movimentos todos inclusive na Ucrânia. Na Ucrânia, o personagem que virou o centro das atenções no mundo todo é um senhor chamado por Zelesnsky, tem [42], um ator, que era desconhecido e passou a ser bastante conhecido com seriado onde eles colocavam como professor de história e o título é, o defensor do povo, o servo do povo ou o servidor do povo, alguma coisa destarte.
E isso fez com que ele alcançasse uma popularidade muito grande. Mas, popularidade não significa consciência, maturidade política, não significa conhecimento de geopolítica, não significa coragem, não significa sensibilidade e inteligência e sobretudo compaixão para com seu próprio povo.
Insuflado, também essa é uma análise unânime de todos os analistas que eu tenho acompanhado, que os EU insuflaram a figura de Zelensky, que foi catapultado através dum seriado de tevê pelo dono do maior Banco da Ucrânia que também é dono de maior empresa de comunicação da Ucrânia, portanto um oligarca que insuflou o zelensky para essa condição.
E ele ressuscitou algumas pautas [questões] que sempre forma pautas, que ameaçavam a existência da Rússia enquanto nação. Ou seja, a colocação de artefactos nucleares na fronteira da ou com Rússia muito perto de Moscovo, fazendo com ela tivesse a sua existência ameaçada. Quando ele levanta essa questão que estava adormecida que foi enfim ventilada alguns períodos da história, ele despertou do outro lado, uma preocupação do Governo russo, das oligarquias russas e das e Forças Armadas russas.
Repare, há uma interpretação muito equivocada, que parte da ideia que, todo começou da cabeça de um tino [Presidente Putin], resolveu acordar num belo dia e disse; vamos invadir a Ucrânia! Essa, é uma leitura muito rasa, não é uma leitura que é compartilhada por todos analistas que agente acompanha. Todos eles sabem que o conflito é geopolítico, é geoestratégico e é económico, sobretudo económico.
A meu ver, o Zelensky pode ter feito o mesmo erro de cálculo, ajudado por pessoas que o catapultaram nesse condição, de que, tentar fazer uma bravata contra os russos ficaria apenas na bravata. Vamos lembrar que ele foi eleito com muita popularidade, mas a popularidade dele foi caindo e ele estava com [30%] antes do conflito. Foi quando ele começa a fazer discursos que queria colocar a Ucrânia na NATO, e quando fez discursos dizendo, que a Ucrânia tinha também o direito de fazer suas armas nucleares, talvez ele não contasse que no outro dia ou em poucas horas os russos fossem tomar as atitudes que tomaram.
Talvez ele tivesse sido orientado ou ele tivesse escutado que ele receberia o apoio incondicional das forças que estavam namorando com ele. O resultado foi que, na hora que a onça foi beber água, na hora que os russos disseram que qualquer tipo de intromissão haveria um conflito de escala nuclear ai o Zelensky ficou absolutamente isolado.
Semana passada teve um encontro da NATO, reunindo em vários dos países e o Zelensky foi fazer um pronunciamento, como ele tem feito em vários locais, Presidente Biden fez pronunciamentos também, mas o Zelensky virou troça absolutamente inútil, porque não teve resultado prático algum. Senão vejamos:
«Temor de guerra com a Rússia, faz NATO limitar ajuda militar à Ucrânia: aliança repete receita de sanções e aumento de entrega de armas mais leves além de advertir a China».
Lamentavelmente ficou por isso mesmo! O Zelensky está cada vez mais isolado, mas para a opinião pública do mundo [ocidental], ele tem aparecido como um herói, como destemido, alguém que está enfrentando a Rússia, quer dizer, é como se pudéssemos ter herói na Argentina, ou seja, alguém que pudesse naquele período fazer alguma coisa que derrotasse magicamente e milagrosamente a força dos ingleses naquele momento.
Então, o que é que agente pode apontar daqui para frente. Àquilo que todos analistas sérios têm apontado: é impossível a Ucrânia reverter esse cenário sem um conflito de escala nuclear, então é questão de tempo vários analistas têm dito seguinte: os EU, eles têm mantido, têm suflado o Zelensky nessa situação, porque acaba causando desgaste na Rússia, e acaba também causando desgaste para Europa, e os Eu acabam sendo beneficiados por essa forma.
E os chineses, que estão observando essa história toda à distância, também estão sendo apontados por quase todos analistas como o maior vencedor desse conflito, sem ter feito absolutamente nada directamente com essa situação. Portanto, o cenário é que o Zelensky não tem como ter uma irreversibilidade.
O Zelensky tem feito vários discursos em formato virtual. Por exemplo, no Parlamento francês, pediu que as empresas francesas se retirassem da Rússia. Algumas empresas já se pronunciaram e nenhuma delas disse que vai sair da Rússia, porque eles não querem perder dinheiro. No mundo, no mundo corporativo ninguém está preocupado com o povo ucraniano, o povo ucraniano que se [lasque] para essas pessoas todas.
(Continua)