1 de Abril de 2019
O Ministério da Justiça confirmou que Portugal atribuiu nacionalidade portuguesa ao líder dos muçulmanos ismaelitas.
Portugal atribuiu a nacionalidade portuguesa ao príncipe Aga Khan, líder dos muçulmanos ismaelitas, confirmou à Lusa o Ministério da Justiça.
"O Governo concedeu ao Príncipe Aga Khan, a seu pedido, nos termos da Lei da Nacionalidade, a nacionalidade portuguesa", respondeu o ministério, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter revelado a informação durante o encerramento dos Prémios Aga Khan para a Música.
O príncipe Aga Khan nasceu na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, tem ligações ao Canadá, Irão e França, mas escolheu morar e dirigir a comunidade em Portugal.
Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, 49.º imã hereditário dos muçulmanos xiitas ismaelitas, tinha 20 anos quando se tornou o imã da minoria xiita de 15 milhões de pessoas, espalhadas por todo o mundo, sucedendo ao avô. Para os muçulmanos ismaelitas é descendente direto do profeta Maomé.
Nos 60 anos que leva de líder espiritual dos ismaelitas, fundou a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, hoje uma das maiores agências de desenvolvimento privadas do mundo, e empenhou-se em melhorar a qualidade de vida de populações mais vulneráveis em vários pontos do mundo, incluindo Portugal.
Discreto, tido como uma das pessoas mais ricas do mundo, Aga Khan IV nasceu a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, filho do príncipe Aly Khan e da princesa Tajuddawlah Aly Khan. Cresceu no Quénia, frequentou a Le Rosey School, na Suíça, durante nove anos, e estudou depois em Harvard, nos Estados Unidos.
Sucedeu ao avô (pela sua morte) em 1957, como líder dos ismaelitas o que o obrigou a durante vários meses viajar para conhecer as comunidades espalhadas pelo mundo, formando-se em História Islâmica dois anos depois, em 1959.
Com 81 anos, duas vezes casado, quatro filhos, apaixonado por esqui, mas também por cavalos, criou um império empresarial que vai da banca à hotelaria, que financia projetos de desenvolvimento social, incluindo em Portugal, onde a Fundação Aga Khan existe desde 1983.
As relações com o país são bem mais antigas, mesmo do tempo da ditadura, mas estreitaram-se quando em 03 de junho de 2015 foi assinado com o Governo português um acordo para o estabelecimento da sede formal e permanente do Imamat Ismaili (instituição ou gabinete do imã dos muçulmanos) em Portugal, em Lisboa.
O príncipe já foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Em 2006, a Universidade de Évora conferiu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa e, em 2009 Aga Khan tornou-se membro estrangeiro da Academia de Ciências de Lisboa.
A 09 de julho de 2018, para assinalar os 60 anos como líder dos ismaelitas, Aga Khan encontrou-se com Marcelo Rebelo de Sousa e com o primeiro-ministro e discursou no parlamento, na sala do Senado.
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/principe-aga-khan-com-nacionalidade-portuguesa
Mas que outras ligações haverá que o levaram a esta opção? Eu própria o ouvi, numa reportagem da TV, o príncipe Aga Khan dizer: "que o ligam muitas mais coisas a Portugal..." É que ele é descendente de Portugueses, por parte da mãe (Joan Barbara Yarde-Buller, filha do Barão Churston). O segundo casamento de sua mãe foi com Ali Khan (passando a adoptar o nome Tajuddawlah Aly Khan, após a conversão ao Islamismo).
Ora, esses barões Churston têm origem em famílias portuguesas judias (os Pereiras, os de Paz, os Francos e os Rodrigues Lopes). Tendo-se estabelecido no Caribe, enriqueceram com o açúcar, vindo a ser-lhes atribuído o título de Barão. Um deles (John Reginald Lopes Yarde-Buller, 3rd Baron Churston: 1873–1930) ainda conservou o apelido Lopes... É provável que os outros também, só que os seus nomes aparecem escritos de uma forma mais abreviada.
PS: Ainda conheci, salvo erro em 1951) o Principe Aly Khan(avô do actual chefe espiritual dos ismaelitas) no Lumbo e Ilha de Moçambique acompanhado da então esposa Rita Hayworth.