A Política dos USA/OTAN/UE colocou a Ucrânia entre a espada e a parede levando-a a sentir-se entre o Diabo e Belzebu
Por António Justo
Provocaram o urso, ele atacou e agora que se salve quem puder!
Putin já tem o poder de nos dividir e o presidente ucraniano Seelenskyj quer-nos unir para também a OTAN e a UE serem envolvidas na guerra que provocaram.
Há perguntas para as quais não há resposta imediata e para se entenderem há que ouvir também o advogado do Diabo! As elites políticas ocidentais transmitiram a impressão à opinião pública que não é a OTAN que está envolvida nesta situação e isto inflama o presidente ucraniano que como guerreiro nacionalista de uma nação martirizada e dividida (entre posição pró-EUA e pró-russa), sabe que também a Ucrânia está a ser enganada! Seelenskyj vê-se, porém, obrigado a fazer um jogo duplo e a propagar a ideia no povo de que só se trata de uma guerra de defesa contra o invasor russo. É triste a figura de um presidente que em casa combate parte da alma russa do próprio povo na esperança de se salvar num Ocidente que depois de oito anos de guerra civil (1) cinicamente deixou Ucrânia abandonada a si mesma. De notar que a Ucrânia até 2014 era Não-alinhada!
Seelenskyj sabe dos interesses da Rússia e da hipocrisia do Ocidente apenas interessado no comércio e no aumento do seu espaço vital! Por isso, nas conferências que faz, o Presidente, sem poder, fala com autoridade, atrevendo-se a fazer exigências para ele lógicas, mas que só criam má-consciência e são impossíveis de cumprir pelos países da OTAN e da UE! No fim o Presidente apenas terá a consolação de ter ganhado o coração do povo europeu, embora na consciência pessoal amarga de que também este está a ser enganado! É crime encorajar os ucranianos a resistir a ponto de virem a entrar numa luta de homem a homem, quando nós ficamos, de fora, a ver o que se passa, para depois irmos fazer o negócio da reconstrução da Ucrânia. Enquanto o povo ucraniano é martirizado, a EU já se organiza em termos de organização do negócio…
Seelenskyj revela-se nos seus discursos como guerreiro atrevido também perante os países da OTAN porque sabe que a política deles é fingida: De facto incendiaram a guerra civil na Ucrânia, dando esperanças aos políticos que a Ucrânia entraria na OTAN e agora a Ucrânia vê-se no papel de pedinte, a bater à porta deles como apóstolo moral de uma guerra que os EUA, EU e a OTAN não querem reconhecer como a deles! Daí, para descarga de consciência, a consequente desinformação nos Media e a sua estratégia de, mais que informar, usar do que relatam para apelar, sobretudo ao sentimento e à lagrima para que, pelo menos, o povo ocidental (que não os políticos), chore o mal que a Ucrânia sofre!...
A 17.03, o presidente ucraniano Seelenskyj exigiu no parlamento alemão o que já tinha exigido nos EUA, Grã-Bretanha…: mais armas e que OTAN imponha uma zona de interdição de voo sobre a Ucrânia…
O povo ucraniano está a ser vítima de políticos irresponsáveis quer dentro quer fora da Ucrânia…
As conversações a ter seriam sobretudo entre os impulsores da guerra: Rússia e EUA/OTAN/EU. Já há bastante tempo não se justifica tanto sofrimento humano com tantas vidas mutiladas e tamanha destruição pelas cidades. É preciso motivar as populações não só a chorar, mas sobretudo a pedir responsabilidade os nossos políticos…
A Ucrânia, sem renunciar à democracia, à justiça e à liberdade, tem de desistir da guerra sem renunciar à democracia, à justiça e à liberdade. Os implicados no conflito poderiam chegar a um compromisso viável: uma Ucrânia Federal neutra e independente ficando a Rússia com a Crimeia! Isto é possível com tratados internacionais que corresponsabilizem todas as partes…
A GUERRA É UM PROFESSOR VIOLENTO
Tucídides, o primeiro historiador da história ocidental, dizia: "A guerra é um professor violento"! O filosofo Heraclito adiantava: "A guerra é o pai de todas as coisas!
Os motivos da guerra na Ucrânia são a repetição dos da Guerra do Peloponeso (431 - 404 a.C.) e dos de outras guerras e conflitos pela história fora. A causa estava na rivalidade entre Atenas e Esparta que lutavam pela hegemonia em toda a Grécia!
Tucídides participou na Guerra do Peloponeso como comandante de frota e como não conseguiu impedir a queda da cidade de Anfípolis ao inimigo espartano, foi banido de Atenas por 20 anos. Estava empenhado na expansão da democracia do ático, que garantia a supremacia de Atenas na Liga do Mar Ático.
A democracia ática preparava uma ordem política baseada no princípio da soberania popular. A guerra começou quando as reclamações espartanas foram rejeitadas!
Como se vê a eterna causa da guerra está no facto de cada parte querer expandir o seu território para aí poder ampliar o seu negócio.
Trata-se de poder e não de razão, à margem da humanidade. O povo e a razão são sacrificados aos interesses do poder! A guerra persiste e os seus multiplicadores teimam em não quererem perceber a lição da História, também aqui rejeitada como mestra da vida! Em primeiro e segundo plano estão os seus interesses
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7186