Combate à insurgência
A África do Sul vai permanecer por, pelo menos, mais um ano, na província de Cabo Delgado, onde ajuda Moçambique a combater uma insurgência jihadista. A decisão foi tomada, este mês, pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
É uma das decisões que era esperada para imprimir uma nova dinâmica na luta contra a insurgência
na província de Cabo Delgado. Na crítica, sempre houve a percepção de que renovar a missão militar da SADC, que inclui a África do Sul, por apenas três meses, é ridículo e não permite uma planificação de médio termo.
Numa decisão comunicada à Presidente da Assembleia Nacional, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, a 14 de
Abril corrente, o presidente da África do Sul diz que decidiu prorrogar o emprego de 1.495 membros da Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) para Moçambique, em cumprimento de uma obrigação internacional no quadro da SADC.
Pela legislação sul-africana, Cyril Ramaphosa é obrigado a informar ao Parlamento, no caso de envio de unidades do exército ao estrangeiro. De acordo com o documento de Ramaphosa para Mapisa-Nqakula, com a indicação de que deveria comunicar a decisão aos demais deputados, a missão sul-africana, com duração desde 16 de Abril de 2022 até 15 de Abril de 2023, terá um custo de cerca de 2,8 biliões de rands, qualquer coisa como 12.3 milhões de meticais.
Em Julho do ano passado, Ramaphosa anunciou o envio de 1.495 membros das Forças Armadas da África do Sul, cujo mandato viria a ser prorrogado por um período de três meses em Outubro e novamente em Dezembro. Em Março, prolongou a missão por um mês, ou seja, até 15 de Abril.
“Foram mobilizados 1.495 membros da SANDF para apoiar a República de Moçambique no combate ao terrorismo e extremistas violentos que afectam as áreas do Norte de Moçambique”, refere a carta do presidente sul-africano recebida na nossa Redacção.
Entretanto, há dúvidas de que a África do Sul tenha, de facto, enviado perto de 1500 homens para Cabo Delgado.
No documento, Ramaphosa assinala que o envio de tropas está em conformidade com a Constituição sul-africana e a Lei da Defesa.
Em Cabo Delgado, as tropas sul-africanas não conseguiram, até aqui, estabilizar o único distrito onde estão a operar, Macomia. Além de prazos curtos, que não permitem uma planificação estratégica, a África do Sul debate-se com problemas de recursos, financeiros, materiais e humanos.
A ineficiência das tropas sul-africanas levou as tropas ruandesas a avançarem, nas últimas semanas, para Macomia, com a missão de estabilizar aquele que é um dos distritos mais martirizados pelos ataques que afectam a província de Cabo Delgado, há cerca de 5 anos. (Armando Nhantumbo)
MEDIA FAX – 25.04.2022