ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Fugindo do estereótipo, de que, na África só existe pobreza e miséria hoje, irei falar sobre um caso de sucesso no Continente ao administrar sua riqueza natural de forma cuidadosa e em benefício da população twana, se tornou uma das economias mais bem-sucedidas da África. Actualmente o Botswana está entre os cinco maiores índices de desenvolvimento Humanos do Continente em PIB per capita; o Botswana também está no top cinco inclusive com os números garrafais semelhantes aos do Brasil.
Em Setembro de 19[66], quando se tornou independente o Botswana era tão pobre quanto a maioria dos países africanos, sem litoral e com uma vastidão de terras desérticas, o país resumia a sua economia a agricultura de subsistência; a infra-estrutura era rudimentar apesar de ter um território comparável ao da França. Botswana tinha apenas [12] km de terras asfaltadas e poucos hospitais, água e energia eléctrica não eram universalizadas e apenas [22] pessoas tinham graduação superior no país, além disso, os últimos dois anos anteriores à soberania do país foram marcados por fortes secas e más colheitas espalhando caos e a fome.
Em sua forma de Governo, o Botswana resolveu se manter como um modelo capitalista negando o socialismo africano. Em 19[67], um ano após a independência uma enorme área de diamante foi descoberta em Orapa a [400] km da Capital Gaborone, quem encontrou a jazida foi a empresa britânica «De Beers» um dos principais conglomerados mundiais envolvidos na mineração e no comercio de diamantes no mundo.
O Botswana, envés de seguir a 'cartilha predatória' comum entre as grandes corporações que exploraram os recursos africanos, a «De Beers» criou uma espécie de parceria. A parceria estipulou uma divisão igualitária da receita vinda da exploração dos diamantes; [50%] para cada lado. Foi esse dinheiro que permitiu o desenvolvimento do país, os recursos possibilitaram a construção de escolas, estradas e hospitais.
Os serviços de bem-estar social fornecem saúde e educação gratuita para todos. Em 20[16] o Botswana mantinha [5,4] bilhões de dólares num fundo soberano uma espécie de aplicação feita pelo país no mercado internacional. O Banco Central tinha uma reserva de [8] bilhões de dólares. A estabilidade política, também foi importante para o progresso do Botswana. Diversas nações vizinhas lutavam contra a violência e a corrupção, porém, Botswana foi considerado a excepção africana, o fórum económico mundial inclusive classificou-a como o país menos corrupto da África.
As primeiras quatro décadas da independência foram particularmente prósperas para o Botswana, uma vez que, o PIB aumentou em dez vezes, no mesmo período a Renda per capita se multiplicou por vinte, a espectativa de vida também cresceu de modo consistente.
Em [2000], com o país assolado por uma epidemia de HIV, o tswana vivia em média [48] anos; o índice pulou para [64] anos em 20[14] com um aumento de [32%]. Ou seja, houve uma queda grande na pobreza ainda que a carência afecte um em cada cinco habitantes de Botswana, que tem uma população total de um pouco mais de [2] milhões de pessoas.
As taxas de alfabetização são altas e o índice de admissão na escola primaria até [13] anos é de quase [90%]. Grandes nomes ajudaram ao crescimento de Botswana, principalmente os líderes; Seretse Khama e Quett Masire os dois primeiros Presidentes do Botswana. Estes dois Presidentes priorizaram o desenvolvimento e usaram a ajuda financeira internacional e as receitas das vendas de diamantes para investir fortemente em políticas de saúde e educação.
Mais recentemente o Botswana, também é marcado por bons Presidentes o actual Presidente é Mokgweetsi Masisi, considerado um homem respeitado tanto pela comunidade empresarial, quanto pelos políticos. O anterior Ian Khama governou de 20[08] até 20[18]. Khama se preocupava com o meio ambiente e com os animais selvagens, foi considerado pela população twana como um Presidente muito bom para o Botswana especialmente para o turismo.
Na economia, Botswana possui duas principais vocações: a primeira é a mineração de diamantes. De facto, essas pedras preciosas estão para o Botswana como o charuto estão para Cuba, actualmente a actividade responde por cerca de [60%] das exportações do país com o rendimentos anuais que variam de [1] a [3] bilhões de dólares. Em média entre 20[02] e 20[16] foram produzidos [26] milhões de quilates por ano isso faz do Botswana o segundo maior produtor mundial de diamantes apenas atrás da Rússia.
O outro principal pilar da economia do Botswana é o ecoturismo. O Botswana é marcado por imensas e intocadas Savanas, formações vegetais áridas com ervas baixas e arbustos. Cerca de [17%] dessas terras estão reservadas para Parques Nacionais. A maior concentração de elefantes do mundo todo com mais de [50] mil são encontradas na Savana twana. Ver, esses e outros animais de perto como; gnus, girafas, leões e aves diversas é o que levou a um [1,5] milhão de turistas internacionais àqueles país em 20[15].
A receita dos diamantes e dos turistas, no entanto, não é o único factor responsável pelo avanço dos números bonitos e garrafais do Botswana. Na verdade, o Botswana evitou o chamado [maldição dos recursos] em que, a falta de Governança resulta em desperdício de riqueza mineral como no caso da Nigéria no petróleo por exemplo. Outro país que é um exemplo na maldição dos recursos é o Congo-Zaire. O Congo-Zaire, também ganhou a independência nos anos [60] e tem o território rico em minérios e reserva em animais selvagens, no entanto o Congo-Zaire hoje é uma das nações mais pobres do mundo todo.
O que o diferencia do Botswana, entre diversos factores está principalmente estabilidade política e gestão cuidadosa dos recursos e isso são algo evidentes quando se chega a Gaborone, a Capital do Botswana. As ruas estão limpas e organizadas e o trânsito flui com facilidades em meio a modernos arranha-céus.
Esse cenário é bem diferente do caos pós-colonial de tantas Capitais africanas. A transformação é o resultado duma visão a longo prazo de estabilidade política e de Governos prudentes. O país ainda é marcado por uma considerável liberdade económica, englobando direitos de propriedade e empreendedorismo. Botswana, também realizou melhorias na gestão das finanças públicas, sendo classificada como a segunda economia mais livre da África subsaariana, depois das Ilhas Maurícias.
Infelizmente, desde que «De Beers» perdeu o controle sobre a oferta global de diamantes no começo do século [XXI], a volatilidade dos preços do produto aumentou, além do mais a produção das pedras vem caindo. Em 20[06] por exemplo, foram gerados [34] milhões de quilates, a quantidade caiu para [20] milhões em 20[16]. Como os diamantes são recursos escassos, o Governo twana tem procurado estimular ainda mais o turismo o resultado parece positivo, uma vez que, de 19[95] até 20[18] o número de visitantes ao país triplicou.
A expansão do turismo tem gerado empregos e criando novos empreendimentos como hotéis e safaris e impulsionando outros sectores como; alimentação, agências de viagens e lazer. Apesar de investimentos em saúde a espectativa média de vida em Botswana ainda é uma das baixas do mundo principalmente por conta duma grande questão sanitária que atinge a África Subsariana; a SIDA. Actualmente, [⅕] da população twana é portador do vírus.
O Botswana, apesar do seu notório crescimento ainda não é um país rico, ainda têm diversos desafios como; o desemprego que se mantém na casa dos [20%] e entre os jovens o índice chega a [35%], o Governo afirma que trabalho no duro para melhorar o quadro e enquanto isso, analistas atribuem essa situação infelizmente a falta de diversificação e uma economia concentrada demais no garimpo e no turismo, infra-estruturas, combate a SIDA, corrupção, segurança e a agricultura.
Contudo, é um país que está se desenvolvendo muito rápido bem na nossa frente, caso o panorama permaneça o mesmo nos próximos anos, poderemos dizer que o Botswana pode vir a tornar-se um país com mais investimento no Continente africano. Além disso, o Botswana pode nos ensinar muitas coisas, principalmente quando o assunto é administração de recursos naturais.
Enquanto, todo o restante da África se preocupava mais com a formação de [grupos de poder], após as independências, o Botswana se manteve no essencial aproveitar as
riquezas minerais para se desenvolver mais rápido possível, sua postura diplomaticamente nunca foi desse fechar em relação ao resto do mundo, mas sim, estar aberto para ele, mesmo o país não tendo saída ao mar.
Sua história é difícil; marcada pela fome, pobreza e falta de recursos, contudo, saiu de um pedaço de terra inútil para se tornar o segundo maior produtor de diamantes do mundo todo, deixou o [status] de país mais pobre da África para o terceiro maior PIB per capita da África.
Portanto, a história do Botswana é um ponto fora da curva do Continente africano e tem tudo para continuar crescendo cada vez mais.
Manuel Bernardo Gondola
Em Gaborone, aos [17] de Abril 20[22]