Elementos de um grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico raptaram, pelo menos 10 pessoas, incluindo meninas e rapazes adolescentes, sexta-feira (15), na ldeia Chibão, interior do distrito de Nangade, província de Cabo Delgado, disseram à VOA várias fontes locais.
As fontes disseram que o grupo invadiu primeiro a aldeia Chicuaia ao cair da tarde de sexta-feira, tendo neutralizado e decapitado um miliciano, força local de protecção, contou à VOA um dos moradores.
Outro morador disse que não ficou claro se a arma na posse do miliciano terá sido levada pelos terroristas.
Num outro ataque a aldeia Chibão, não distante do local do primeiro ataque, o grupo raptou 10 pessoas, entre raparigas, rapazes e adultos, forçados a carregar os produtos saqueados na aldeia, contou um outro morador, que sobreviveu escondido num bosque.
População impotente
“Eles chegaram e amarraram os adultos, e recolheram outras pessoas (adolescentes), e não sabemos de onde são os atacantes e para onde levaram as pessoas”, disse uma testemunha, insistindo que a população se sente “impotente e atada” na guerra.
Um outro morador, Zunaid Omar, que está deslocado na vila sede de Nangade, desde o ataque recente à sua aldeia, contou à VOA que com os novos ataques “nós estamos numa ilha na vila sede (de Nangade), os terroristas rodearam toda vila”.
Igualmente, prosseguiu a fonte, os terroristas “são vistos a passar em algumas aldeias”, cuja população está refugiada nas machambas”, o que reacende o clima de insegurança numa área que conta com a presença de forças estrangeiras.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba não respondeu o nosso pedido de comentário sobre o novo rapto de pessoas por terroristas.
Numa entrevista recente à VOA a directora da Save The Children em Moçambique, Brechtje Vanlith, disse que a organização humanitária continua “chocada e profundamente alarmada” com a persistência da violência em Cabo Delgado, com relatos de novos casos de raptos e decapitações de crianças, que forçaram a cerca de sete mil delas a procurar campos de abrigo em Fevereiro.
A insurreição irrompeu em 2017, matando, pelo menos, quatro mil pessoas e forçando a fuga de cerca de 850.00o. As táticas brutais dos insurgentes, incluindo decapitações, raptos em massa, e o incêndio de aldeias inteiras, abalaram a região.
VOA – 18.04.2022