O estado em que se encontra a Estrada Nacional Número 1 (EN1) mostra o mau carácter, o nulo desempenho, a falta de vontade de trabalhar e o deixa-andar dos governantes do nosso pais. O troço do Rio Save a Nicoadala é horrível. De Save a Inchope, uma distância de 250 km, percorre-se em cerca de 7 horas. Do cruzamento de Inchope ao cruzamento de Nicoadala, 443 km, leva-se não menos de 12 horas. Não há viatura que perdure a ter que passar por aquele troço. Os machimbombos ficam sucatados antes de pagarem o custo de aquisição. Quem meter sua viatura por esse troço, tem a consciência nefastas que isso acarreta que pode resultar em quebrar a suspensão, rebentar os pneumáticos ou capotar devido aos zigzagues na tentativa de esquivar das covas e a crateras. A questão não é o esquivar do perigo mas é o de escolher entre cair numa cova ou mergulhar numa cratera plantadas em toda a via.
A desculpa da falta de fundos não procede. Não termos boas estradas, boas escolas, bons centros de saúde porque não temos um governo sério e empenhado na gestão do bem comum. Quando foi para roubar, arquitectaram o sofisma da defesa da pátria e conseguiram sacos de dólares para se distribuírem entre eles. Quando precisaram de nos encurralarem, arranjaram dólares, na China, e nos fecharam todas as saídas/entradas com portagens sem vias alternativas para entrarmos ou sairmos das cidades. Assim, pagamos duas vezes: pagamos à REVIMO (deles) e pagamos as dívidas ao financiador da armadilha das portagens. Tais coisas só podem acontecer onde a seriedade governativa já atingiu um nível de grande preocupação. O governo tem provando que não merece continuar a frente do nosso destino comum por não satisfazer os interesses mais elementares do povo. Quando se chega a esse nível de desgaste, é melhor arrumarem as chuteiras, como sinal de honra. Por nos mantermos indiferentes ao bando de malfeitores, estamos condenados à constante regressão.
Não podemos continuar a ser dirigidos por um bando de corruptos e caloteiros. O povo não deve ficar indiferente como se os problemas por que o país passa não lhe dissessem respeito. Os utentes da EN1 insultam, chamam nomes feios ao governo pelo mau estado da via e, infelizmente, não passa de uma raiva passageira enquanto permanece a dor por a viatura ter batido numa cova ou caído numa cratera. É preciso que a inércia e a corrupção sejam denunciadas com veemência para que o governo acorde do sono em que se encontra e comece a trabalhar.
Precisamos de fazer a sindicância levando o governo à barra dos tribunais para que seja responsabilizado pelos danos que acumulamos tanto nas viaturas como pelos ferimentos que contraímos. Até aqui nós nos limitamos a lamentações e não passamos daí. Se os transportadores de carga e os machimbombos terminassem suas viagens no Rio Save e do outro lado em Nicoadala, o governo não repararia esse troço noite e dia? Uma possível paralisação desse troço – uma greve geral - seria uma forma grave e assustadora de tirar o governo da soneca.
Não é verdade que o troço em causa não é reparado por falta de dinheiro. Essa seria desculpa esfarrapada, por ser uma mentira grosseira para convencer, apenas, a imbecis. A prioridade do governo não é servir bem o povo, o suposto patrão de Filipe Nyusi, mas o de perseguir outros objectivos. Vemos governantes andarem em viaturas de luxo, a viajarem de aviões em primeira classe, mas continuam a produzir pobres e cada vez mais pobres. Somos um país a transbordar de riquezas, porém, o povo vive perdido na mais abjecta pobreza. A nossa pobreza é sinal de que somos mal governados. Não é por falta de recursos que somos pobres. Deve-se à ausência de um governo íntegro e laborioso.
Os países que doam rios de dinheiro ao nosso país têm menos recursos que Moçambique, mas têm governos sérios e, sobretudo, não acarinham a corrupção, por isso, são desenvolvidos. Devemos saber que a corrupção é um cancro que nos destrói. As nossas estradas reflectem cara do governo. Que mal fizemos para ter um governo tão incompetente e incapaz? – O problema reside na nossa indiferença em relação ao malabarismo eleitoral que o partido no poder vem cometendo de eleições em eleições para a sobrevivência de um regime apodrecido. As eleições são uma oportunidade ímpar que não deve perder para o povo se livrar dos corruptos, caloteiros e malfeitores.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 20.04.2022