INTRODUÇÃO
A tradição da guerra em África é muito antiga e prevaleceu durante todo o processo de evolução do Estado tradicional africano. Todavia, a rudimentaridade das estratégias e táticas de guerra africanas permitiram a rápida conquista do continente pelas potências europeias. Apesar de tudo, estas conquistas só foram conseguidas pelo derramamento de muito sangue de ambos lados sendo que a superioridade estratégica e técnica da Europa acabou superando as resistências africanas. De um modo geral, as resistências africanas foram silenciadas por quase um século até o despontar de parceiros engajados em ensinar novas estratégias e técnicas de guerra aos africanos. Efetivamente, a emergência da URSS e da China altamente engajadas na descolonização da África permitiu que os africanos redescobrissem o seu espirito guerreiro e aprendessem a conduzir o modelo de guerra dos Estados comunistas: a guerra revolucionária.
O presente texto tem como intenção principal contribuir para o debate em torno do conceito de guerra revolucionária. O trabalho procurará desmistificar as diversas nomenclaturas atribuídas a guerra desenvolvida pelos movimentos de libertação, facto que cria uma enorme confusão nos sectores políticos e acadêmicos. Recordemo-nos que, em função dos interesses de quem as denominava, as lutas de libertação receberam o nome de terrorismo, guerra de resistência, guerra irregular, insurgência, rebelião, banditismo e guerra revolucionária. Cada uma destas denominações carrega consigo um tom de legitimidade e ilegitimidade. Para elucidar sobre a importância da clarificação do conceito, o artigo partirá do estudo do caso moçambicano. Seu objetivo principal é analisar as guerras revolucionárias em África. A hipótese subjacente é a de que as guerras de libertação nacional em África representam um exemplo adequado ao conceito de guerra revolucionária.
Leia aqui Download Guerras_revolucionarias_em_Africa_O_caso_de_Moçambique 2015