Por Tomás Vieira Mário
Nos últimos anos um largo grupo de servidores públicos, entre antigos ministros, antigos PCAs e outros oficiais de alto nível foram levados à barra do tribunal, acusados de saquear o Estado, usando diferentes mecanismos e estratagemas.
Desde o caso das escandalosas dívidas milionárias, com o seu longo elenco de comensais, até aos casos dos antigos ministros Paulo Zucula e Maria Helena Taipo, passando por gestores de empresas públicas como a antiga directora do Fundo de Desenvolvimento Agrário, Setina Titosse.
Os crimes de que são acusados vão desde associação para delinquir; peculato; branqueamento de capitais; abuso de cargo ou função; tráfico de influência, até burla por defraudação.
Há um elemento curioso que une estes crimes: é o período do seu cometimento. Regra geral, a maioria destes crimes é cometida entre 2012 e 2014. Ou ao longo desse período. Esse período coincide com os dois últimos anos do segundo e último ciclo de governação do Presidente Armando Guebuza.
O que sugere este facto? A mim este facto sugere condutas associadas a preparativos para o futuro, para uma “reintegração social digna”, terminado o ciclo.
A mim esta “coincidência” sugere que, entre parte significativa da elite ocupando cargos políticos, há algum síndrome de fim de ciclo, que estimula condutas ilícitas, corruptas, preparando a vida civil. Há um período de preparação do “take away” do ciclo governativo!
Estão a ver agora a sucessão de contratos de empreitadas de obras públicas com custos clamorosamente escandalosos? Nada me impede de pensar que estamos, de novo, em período de preparação de “take away” do ciclo de governação.
Mas gostaria de estar enganado. Muito enganado mesmo!