A área de floresta abatida em Moçambique em 2018 cresceu 6,7% face ao ano anterior, indicam os dados mais recentes sobre o desmatamento do País publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e consultados esta segunda-feira pela Lusa.
“Em 2018, os dados mostram que mais de 93 mil hectares sofreram desmatamento, representando um acréscimo em 6,7% comparativamente a 2017”, lê-se na publicação de Indicadores Básicos de Estatísticas do Ambiente, disponibilizada na última semana no portal do INE.
O boletim indica ainda o impacto da perda desta massa verde na captura de gases de estufa.
“Os dados ambientais mostram que em 2018 mais de 15 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente foram emitidos, decorrentes do desmatamento de florestas”, refere-se na publicação. O número “representa um acréscimo em 4,4% comparativamente a 2017”.
“A madeira Chanato é a espécie mais procurada ao longo dos últimos três anos da série em análise (2018-2020), depois da Umbila ter sido predominante entre 2016 e 2017”, detalha-se no trabalho do INE.
Em 2020, o Chanato representou 29,2% do total de árvores cortadas, seguindo-se a Umbila com 27%. Ambas as espécies são as mais produzidas nas províncias de Tete e Zambézia, centro do País.
A compilação dos indicadores agora divulgados pelo INE baseou-se na recolha e tratamento de bases de dados e relatórios administrativos disponibilizados por diferentes sectores que lidam com matérias ligadas ao ambiente, esclarece a instituição.
O desaparecimento da cobertura vegetal está também em foco num outro estudo divulgado este mês, intitulado “Avaliação da Prontidão para o Crescimento Verde em África”, do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e do Instituto Global para o Crescimento Verde (IGCV).
Segundo o documento, as florestas moçambicanas, que cobrem mais de metade do território, estão a desaparecer a um ritmo de 220 000 hectares por ano e a desflorestação representa 80% das emissões de gases do País.
Em 2020, o Governo anunciou a suspensão da emissão de licenças para exploração de madeiras por dois anos, como forma de diminuir a “pressão” sobre as florestas moçambicanas.
Vários relatórios nacionais e internacionais têm indicado que Moçambique está a ser palco de crimes ambientais, principalmente no que respeita ao corte ilegal de árvores.
Outros alertam para as consequências dos altos níveis de desflorestação no equilíbrio atmosférico a que o País pode ser especialmente sensível no contexto das alterações climáticas.
De acordo com as Nações Unidas, entre 2016 e 2021, o País enfrentou duas grandes secas e oito tempestades tropicais, incluindo os grandes ciclones Idai e Kenneth, que, em 2019, afectaram 2,5 milhões de pessoas num período de seis semanas.
Segundo a ferramenta de avaliação de risco de desastres Inform, Moçambique ocupa o nono lugar entre 191 países quanto à vulnerabilidade a perigos, exposição a riscos e falta de capacidade de resposta.
NOTA: Depois queixam-se das alterações climáticas e ainda querem ser ressarcidos pelo desmatamento incontrolado e do lucro de alguns dignatários moçambicanos. Desde a independência quantos milhares de hectares foram desmatados sem reposição? E depois ainda continuam a afirmar que o “colono” é que roubou tudo.
Fernando Gil
Macua de moçambique