EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (106)
Os especialistas, senhor Presidente, dizem que o mundo enfrenta a pior insegurança alimentar da história recente – especialmente no Oriente Médio e Norte da África, África Subsaariana e Sul da Ásia. Portanto, Moçambique está incluso.
E pior para nós que, em quase 50 anos, não conseguimos acertar uma estratégia, publicamente conhecida para, pelo menos, produzirmos o que precisamos para comer. Há muito que este País está com fome. Moçambique não consegue produzir a sua própria alimentação, em quantidades satisfatórias para o seu povo.
E com esta escassez de alimentos que, aliás, já se faz sentir? Eu, no meu modesto entender, julgo que aqui está criada uma tempestade perfeita para possíveis agitações sociais no País. E ninguém nos vai ajudar porque esta crise é global.
Por outro lado, devíamos ter aprendido a partir daquilo que foi a resposta à pandemia. Os líderes dos países desenvolvidos mostraram que não são capazes de trabalhar com os pobres para que todos saiam a ganhar.
Portanto, à medida que o mundo luta por comida, nos próximos meses é mais provável que vejamos uma repetição do que aconteceu com as vacinas da Covid-19.
Qual é o nosso plano, Presidente?
É que a próxima catástrofe é a da fome! Aliás, os sinos de alarme, de facto, estão a tocar sem parar há alguns meses. E ainda não vimos nenhuma acção concreta por parte do Governo.
O que a Frelimo pensa disto? A realidade é que milhões de pessoas em Moçambique já estão com fome – e está prestes a ficar muito pior!
Aquilo que sobressai é a incapacidade por parte da Frelimo, assim como das instituições que este partido dirige, de ler a evolução social e política do País, pautando-se constantemente pela exclusão dos novos sujeitos emergentes ou pela pura repressão.
É urgente, Presidente, trazer soluções palpáveis para este problema da fome.
Aliás, é para isso que serve um líder e não para que a sua imagem seja reduzida numa caricatura, constantemente necessitante das manchetes jornalísticas e propaganda barata.
O Presidente não trabalha. Se o faz, então, não é para o propósito que o povo lhe delegou.
Todavia, está todos os dias nos jornais, nas televisões. E o estranho, parece que o Presidente gosta de aduladores, de beija-mãos.
O que me empurra à conclusão de que o Presidente é um chefe e não um líder.
Vamos ser sinceros: como é que o povo vai insistir em estar a bordo de um navio cujo comandante não sabe esquivar icebergs?
Eu acho que essa coisa de terceiro mandato não passa de uma veleidade sua, Presidente, e dos que o apoiam. Moçambique não se difere daquele transatlântico de nome Costa Concordia, que tombou na costa da Isola del Giglio, na Toscana, por culpa de um comandante irresponsável!
DN – 27.05.2022