Insegurança no norte de Moçambique
Um agente económico perdeu a vida, no último sábado, no Niassa, quando a viatura em que se fazia transportar foi atacada por homens armados, na Estrada Nacional Número 14, entre o distrito de Marrupa e a vizinha província de Nampula.
O empresário, que respondia pelo nome de Macazar, foi alvejado mortalmente um pouco depois da aldeia Nungo, no distrito de Marrupa, quando um grupo de três homens, todos armados e mascarados, irromperam ao longo da via entre Marrupa-Mbalama.
A vítima mortal estava na companhia de outros quatro empresários que, entretanto, apenas lhes foram arrancados valores monetários.
No troço de mais de 200 km de terra batida, há, apenas, um único posto de controlo, na zona limítrofe entre as províncias de Niassa e Cabo Delgado.
Este não é o primeiro ataque que acontece ao longo das estradas de Niassa. Na província mais extensa do país, assaltos à mão armada têm sido recorrentes em troços como Marrupa-Cuamba. Trata-se de um tipo de crime comum nas vias de Niassa, principalmente na época de comercialização de produtos como tabaco e algodão, altura em que, habitualmente, os comerciantes se fazem transportar com avultadas somas de dinheiro.
Trata-se, na sua maioria, de assaltos que acontecem com envolvimento de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), muitas vezes com informações classificadas sobre a movimentação de comerciantes para compras em outros distritos da província ou na capital Lichinga.
Em 2018, por exemplo, sete agentes da PRM foram expulsos da corporação, nos distritos de Maúa, Metarica e Cuamba, por envolvimento neste tipo de crimes. Alguns dos agentes cumprem penas pesadas no Estabelecimento Penitenciário de Cuamba.
“Ambiente calmo”
Entretanto, o secretário de Estado da província do Niassa confirmou, no último final de semana, que todos os deslocados na sequência dos ataques armados, no distrito de Mecula já regressaram às suas zonas de origem, onde vivem num “ambiente calmo”. “Toda a população deslocada na sede distrital de Mecula já regressou às suas áreas de origem e, neste momento, vive num ambiente relativamente calmo”, disse Dinis Vilanculos durante a entrega de viaturas à Polícia de a República de Moçambique.
Para o secretário de Estado, citado pela Lusa, a forma “eficaz” e “valente” com que as forças de defesa e segurança combateram os insurgentes, em Mecula, foi importante para o regresso dos 3.700 habitantes que haviam fugido das suas zonas de origem devido aos ataques registados em Novembro e Dezembro de 2021.
Refira-se que Mecula foi palco de ataques de grupos armados que o governo moçambicano assume que fugiram da província vizinha de Cabo Delgado, onde forças moçambicanas e internacionais têm pressionado os insurgentes.
A 19 de Abril, a Reserva Especial do Niassa anunciou a retomada das actividades turísticas, encerrando sua suspensão devido à violência armada, que causou a morte de um guarda-florestal da área de conservação
MEDIA FAX – 17.05.2022