Editorial
Em mais um ‘lavar de roupa suja na praça pública’, a recente e apaixonante mensagem de Graça Machel para que se esqueçam os males do passado, não lembra o diabo.
Não há igual, sobretudo vindo de quem vem, num recado virado para dentro da Frelimo. Esta lavagem de imagem visa Armando Guebuza, sendo que Joaquim Chissano, que na altura estava ao lado, qual ‘fauna’ acompanhante, citando Ndambi.
É impossível esquecer os feitos históricos dos dois pensadores. Mas não passa pela cabeça de ninguém, com o juízo no lugar, ignorar os erros de palmatória que teriam sido cometidos por Guebuza.
Os moçambicanos não têm que perdoar ou deixar de o fazer, porque matéria de índole político-partidária.
Os anseios da esmagadora maioria têm sido ignorados, à custa dos interesses da Frelimo e seus dirigentes. Por isso, cabe à Frelimo considerar o pedido da mamã Graça, reconhecida inclusive além-fronteiras.
Não é por acaso que na era Chissano, Graça Machel esteve por um triz no cargo de Secretário-Geral da ONU, não tendo avançado em prol de Koffi Annan.
Hoje, Graça Machel devolve o carinho a Joaquim Chissano, através dos rasgados elogios, apanhado na boleia, uma vez que o destinatário original da mensagem é o Guebuza. Pena que este não tenha, ainda, vindo a público se desculpar, a acreditar que o homem cometeu gaffes, segundo Graça Machel.
Teria mais significado e, garantidamente, os moçambicanos curvar-se-iam…
A mensagem surge meses antes da sentença das dívidas ocultas e do CC Frelimo. Obra do acaso?
EXPRESSO – 25.05.2022