ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Hoje dia [24] de Maio, a invasão russa na Ucrânia completou exactamente três meses. Após esses noventa dias de combates quantas baixas cada lado sofreu? Onde os Exércitos estão combatendo e mais importante de tudo quem está vencendo a guerra? Recapitulando tudo muito rapidamente no dia [24] de Fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, a partir de três frentes principais: no Norte e Nordeste visando a capital Kíev e Kharkiv a segunda maior cidade ucraniana, no Leste visando o controlo das regiões separatistas do Lugansk e Donetsk conhecidas colectivamente como Donbas e no Sul visando conquistar as margens ucranianas do Mar do Azov, atravessando por Mariupol e do Mar negro passando por Kherson e Odessa.
Esses movimentos fizeram parte daquilo que Moscovo chamou de primeira fase, com essa fase terminado no final de Março com a retirada russa completa do Norte e passando a se focar na chamada segunda fase na consolidação do controlo da margem ucraniana do Mar de Azov e principalmente em Donbas.
Mas, quantas baixas cada lado sofreu? Nenhum dos lados, nem a Rússia e nem a Ucrânia avançam com os números exactos de baixas; o máximo que foi feito recentemente nesse sentido foi uma declaração do presidente ucraniano, que disse que por dia morrem até [100] soldados ucraniano em combate, um número de baixas bastante elevado. Do lado russo o máximo que ouvimos são pequenos 'deslizes' em um ou outro discurso oficial como quando Dimitry Peskov, o porta-voz de Kremlin, disse no final de Março, que as baixas sofridas representavam uma catástrofe para as Forças Armadas russas, mas oficialmente em números exactos trata-se de um segredo muito bem guardado, já que, pode afectar directamente o moral das tropas.
Contudo, as estimativas de fontes independentes variam muito colocando as baixas russas entre mortos e feridos entre os [15] / [20] mil com o mesmo acontecendo com a Ucrânia com o número de baixas muito parecidos. De facto, se estas estimativas estiverem correctas, quer dizer, em três messes de guerra a Rússia pode ter perdido mais soldados na Ucrânia, do que, em dez anos de guerra no Afeganistão, e a Ucrânia pode ter perdido de [10] / [15 %] do total de militares que tinha disponível antes do inicio da guerra.
E onde exactamente estão a decorrer os principais combates? Basicamente desde os meados de Abril, todas as tropas russas que por mais de um mês estiveram pressionando Kíev e Kharkiv no Norte, uma pressão que como vocês sabem causou grande [destruição] em muitas cidades ucranianas foram destacadas para o Donbas com uma parte delas partiam de Kharkiv em direcção a Lugansk e Donetsk, outra parte dessas tropas foi destacada para atacar a importante cidade de Severodonestsk a última cidade média ainda sob controlo ucraniano em Lugansk, com uma outra parte partido da região de Olovka em Donetsk avançando em direcção a Kramatorsk em uma clara manobra de pinça para tentar cercar o Norte daquela região.
No momento em que vos escrevo esta carta, os principais combates estão decorrendo na cidade de e na cidade vizinha de Lysychansk, as cidades que os russos tentaram cercar em uma travessia fracassada durante o rio Severodonestsk, que resultou na destruição de um grupo táctico de Batalhão inteiro. Há também duros combates em Liman +- no meio do caminho entre Severodonestsk e Zenon. Outra cidade que está de baixo de intensos combates é a da cidade de Ponasna com os russos tentando avançar para o Norte até Kremina para cercar Severodonestsk e Liysychansk.
Como praticamente toda a atenção russa está depositada nessa área, os ucranianos estão conseguindo alcançar algumas vitórias tácticas no Norte de Kharkiv e estão conseguindo manter os russos afastados de Nikolaev.
Mas, afinal quem está efectivamente vencendo essa guerra? A Rússia, apesar das grandes perdas humanas e materiais está avançando lentamente, mas está avançando, e por isso, está vencendo no terreno com os ucranianos limitando-se a aplicar a chamada defesa em profundidade, recuando para outras linhas e posições defensivas após causar graves e pesadas baixas no avanço russo, isso significa que a Rússia avança, mas a um custo material e humano incrivelmente alto.
Por exemplo, em termos de comparação 20[10], foi o ano no qual os Estados Unidos sofreram o maior número da baixas no Afeganistão com [496] soldados mortos em doze meses, mas de acordo com muitas fontes esse foi o número de soldados russos mortos em apenas um dia quando tentaram fazer a travessia do rio Severodonestsk, isso é quase como uma vitória de pirso, que é uma expressão que se costuma usar para se referir as vitórias optidas a um preço excessivamente alto, há também a questão do tempo, já que, quanto mais o tempo passa mais armas e apoio financeiro do imperialismo chegam a Ucrânia.
A Rússia, está vencendo e tudo indica que conseguirá [conquistar] grandes porções de Donbas e consolidar o seu controle sobre a margem ucraniana no Mar de Azov, mas aqui preço. Por maior que seja o desapego russo ao número de baixas que sofre e ao número de veículos que perde, chegará o momento em que Moscovo assume que está de facto em guerra com a Ucrânia, e ordena a mobilização geral das suas Forças, uma ordem que aumentará significativamente os custos já exorbitantes daquela guerra ou correrá o risco sem Forças de reserva para garantir o controlo das regiões entretanto já conquistadas e principalmente para manter o ritmo das acções ofensivas.
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [24] de Maio 20[22]