EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (110)
Bom dia, Presidente. Não sei se o senhor terá acompanhado a explicação da Porto Editora em relação ao polémico livro de Ciências Sociais da 6.a classe. A empresa diz que não é a editora do referido livro escolar, sendo apenas consultora editorial, e a obra é propriedade do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano(MINEDH). Também a impressão e a distribuição são da responsabilidade do MINEDH.
A editora explica ainda que, como consultora, contratou uma autora e uma revisora científica moçambicanas(não estarão a falar da mamã e de Carmelita Namashulua?), ambas com currículos reconhecidos. Além disso, adianta que o livro em questão foi sujeito a provas de validação por parte dos organismos do MINEDH, tendo a Porto Editora integrado todos os pedidos de alteração solicitados pela tutela.
Bom: a editora portuguesa simplesmente exerceu o seu direito de resposta, mas há muito que estava claro que o MINEDH é que é culpado. Mas o MINEDH não deve ser visto como causa, mas sim consequência de um Governo à deriva, ou melhor: medíocre. Claro que isto não serviria de nada, mas o Presidente devia ter demitido, logo que a polémica do livro ganhou as ruas, a ministra Carmelita Namashulua-pelo menos limpava a cara. Mas deixou que fosse ela a criar comissões de inquérito justamente para investigar crimes por ela cometidos. Um ponta-de-lança que apita o seu próprio jogo!
E sabe, o Presidente, o que faz de melhor uma pessoa medíocre? Reconhecer outra pessoa medíocre. Juntas se organizarão para puxarem o saco uma da outra, vão se assegurar de devolverem favores uma à outra e irão cimentar o poder de um clã que continuará a crescer, já que em seguida encontrarão uma maneira de atrair seus semelhantes. O que realmente importa não é evitar a estupidez, mas adorná-la com a aparência de poder. É mais ou menos isto que acontece no Governo dirigido por si, Presidente. Um Governo também de charlatães e mentirosos. Cada mentira, dita com a voz tranquila e acolhedora, acerta o coração de um pobre moçambicano, como quando esta semana, a ministra Namashulua subiu ao palanque para dizer, com voz suave, que os erros do livro eram da responsabilidade da Porto Editora, e no fim foi embora sem que abrisse espaço para questionamentos.
A incompetência foi institucionalizada. Pessoas como Carmelita Namashulua, no entanto, ganham espaço não pelos seus feitos, mas pelo espectáculo que produzem. E verdade seja dita, este Governo está cheio deles. De incompetentes que nunca se esforçaram para mostrar o contrário, mas ganham notoriedade diante do incompetente-mor.
Quando se define mediocridade ou medíocre, ao pé da letra, a tradução disso é aquele que não se destaca na qualidade, no valor ou na originalidade.
E devo dizer, Presidente, que na história de Moçambique e talvez da humanidade, eu nunca vi uma formação tão grande de medíocres, como acontece agora, capitaneado e liderado pelo próprio actual inquilino do Palácio da Ponta Vermelha.
DN – 24.06.2022