A revelação, há dias, de que o Estado moçambicano já gastou pelo menos cinco milhões de libras (5,8 milhões de euros) na preparação de documentos para um processo judicial das dívidas ocultas no Tribunal Comercial de Londres é apenas a ponta de um "iceberg" para onde caminha nossa máquina titânica estatal, afundando-se em mais uma espiral de endividamento.
Agora não é Jean Boustani traficando influências nos corredores e piscinas hoteleiras de Maputo. É o próprio advogado do Estado, a Procuradoria Geral da República (PGR), pagando, no estrangeiro, nomeadamente no Reino Unido, somas astronómicas em assessoria jurídica. Alguns casos, como o da Patel Engineering, parecem ser favoráveis ao Estado, mas, mesmo assim, a PGR foi contratar uma grande multinacional para a defesa e o contra-ataque de Maputo.
Uma investigação da “Carta” apurou que correm em tribunais londrinos 14 processos envolvendo a PGR. A maioria dos casos tem a ver com o endividamento oculto de 2 mil milhões de USD. E o cálculo financeiro dos processos cujo custo com advogados está evidente (3 dos 14 processos) chega a um valor estimado das causas que ascende os 2 milhões de Libras.