1.No passado dia 12, noite de Santos Populares e das marchas na Avenida da Liberdade, Marcelo Rebelo de Sousa foi interpelado por uma mulher grávida.
Não sei se Marina Dias desejava tirar uma selfie com o Presidente da República, mas sabemos que não quis perder a oportunidade de dizer a Marcelo que tinha um orgulho enorme em ter um homem como ele no lugar mais alto do país.
Marcelo quis saber um bocadinho mais.
Soube que Marina viera de Luanda por desejar que a sua filha nascesse em Portugal. Soube que era luso-angolana, que tirara o mestrado em gestão no ISEG e soube que na sua barriga estava uma menina.
Aconteceu depois o que sabemos.
O Presidente baixou-se e deu um beijo na barriga de Marina.
A grávida ficou comovida e retribuiu com um abraço a Marcelo.
Soubemos hoje que a bebé já nasceu e se chama Leonor.
2.O que deveria ser pacífico tornou-se uma orquestração de insultos.
Nas redes sociais, centenas de comentários diabolizaram Marcelo por ter beijado uma grávida.
Uns pela falta de respeito pela jovem.
Outros pela falta de respeito pela função.
Também li comentários de pessoas acerca do caráter de Marcelo, sobre a vergonha alheia que sentem, sobre as dúvidas que têm em relação ao estado mental ou à inteligência do homem.
3.É extraordinário o conservadorismo bafiento de algumas pessoas que se dizem progressistas.
Tão progressistas, tão críticos dos cavacos desta vida, mas depois tão perigosamente próximos do que vão "arrotando" as "Marias Vieiras" de serviço.
4.Marcelo foi apenas o que sempre foi.
Espontâneo.
Próximo.
Mais nada.
Ele não precisa de ser reeleito.
Já ganhou as eleições que tinha para ganhar.
Ele não precisa de ser amado.
Quando morrer a maioria dos portugueses, mais do que em relação a qualquer outro político, despedir-se-á em massa do Presidente de quem se sentiram mais próximos.
5.É precisamente o que alguns criticam em Marcelo que me faz gostar de Marcelo.
É isso que o torna diferente.
Gosto de um Presidente que está bem na tasca com o mais humilde ou em Westminster com a Rainha Isabel II. Gosto de um Presidente que gosta das pessoas. Que gosta de abraçar e de ser abraçado. Gosto de um Presidente que se comove e influencia com tudo o que tem.
De repente, uma série de malta - por um motivo ou por outro chateada com Marcelo - resolveu contar uma história da carochinha.
A história de que este homem não vale nada.
Que não é inteligente.
Que é pouco sério.
Populista.
Manipulador e tudo o que lhes passa pela cabeça.
Que ousadia a destas pessoas.
Que confiança no que elas próprias são - é preciso ter muita confiança para mandar "postas de pescada" sobre a inteligência e a seriedade de Marcelo.
Têm que me mostrar o seu caixote do lixo ou falarem um bocadinho de si próprios - que maravilha a de um país que tem tantas pessoas tão geniais, um verdadeiro luxo.
Geniais e que se borram de medo com os sentimentos.
- E ao invés do que tanta gente apressadamente concluiu, a mensagem do Presidente da República em relação à crise nas urgências de obstetrícia é brilhante e esmagadora.
Porque o Presidente não tem poder executivo.
Tem, isso sim, o poder de influenciar entre quatro paredes e fora das quatros paredes.
Que mensagem tão poderosa deixou ao governo: a de que o Presidente está vigilante e fará o que for preciso para que António Costa resolva o problema, afinal aquele beijo simboliza um compromisso com todas as mães e todos os projetos de futuro.
- E que mensagem tão poderosa deixou a todos os racistas e populistas. Porque aquela mãe era negra e a bebé que carregava também o é - o beijo do Presidente da República fez mais pelo combate contra o racismo do que mil discursos emproados de malta que defende tudo na teoria, mas que depois acha um beijo na barriga de uma grávida uma coisa pouco digna.
Não o é.
Não há nada que consiga imaginar que seja mais belo e esmagador.