Por Edwin Hounnou
Este é um vigoroso apelo de desespero que lançamos para todos os moçambicanos amantes da sua pátria e do seu povo sofrido para entenderem que o país atingiu o limite de tolerância admissível de ingovernabilidade a que está sujeito. O povo vem engolindo sapos vivos e já tem o estômago cheio. O povo não vai suportar mais viver com cerca de 50 meticais por dia e a situação não mostra que venha a melhorar nos próximos tempos. Prevemos que o declínio do nosso país seja um processo já irreversível. Os maus vão ganhando cada vez maior espaço, abocanham tudo ante o silêncio dos bons. Os poucos que estão destruindo o nosso país, comprometem o futuro de todos nós. Um grupo de pessoas assaltou o poder de Estado para servir seus interesses privados. Como eles não encontram nenhum obstáculo pela frente, deslizam como se estivessem em um plano inclinado. A justiça está amordaçada aos desígnios de um regime apodrecido.
Desde a independência, o regredir progressivo do país é notável e nada se faz para interromper esse curso. Deixamos de produzir cereais, como milho, mapira, mexoeira e arroz, para a nossa alimentação. Já não fabricamos geleiras, fogões nem camas para nossos hospitais porque o governo acha que sai mais barato importar. A batata, cebola, alho, tomate e repolho produzidos nas nossas machambas que inundavam as bancas dos mercados deixaram de aparecer pela culta dos governos da Frelimo. As estradas que ligavam o país, hoje viraram picadas. Circular pelas nossas estradas, precisa-se de coragem. Os donos das empresas de transporte são heróis por aceitarem destruir suas viaturas. Deixamos de ser um país onde todos possam se sentir felizes, viramos um pesadelo onde uma minoria vive numa boa enquanto o povo está na penúria. Os governos da Frelimo trucidam o sonho dos moçambicanos. A liberdade e democracia são uma miragem. As manifestações são proibidas, a menos que sejam da OJM, OMM e ACCLIN para enaltecer o grande líder. Jornalistas são presos, outros desaparecem entre os militares. Sobre redações de jornais desalinhados, são “fogueados" sem piedade.
Andamos de chapa-100 e pendurados em camiões feitos mercadoria enquanto o governo gasta o pouco que há para se cercar de luxo, salários de bradar aos céus. O combustível que nós pagamos a preço de ouro, eles só apresentam senhas para “fulirem" os tanques de suas viaturas, de seus amigos e, também, de suas amantes à custa do Estado. Os membros do governo recebem 120 mil meticais por mês para pagarem a renda da casa onde vivem, mesmo assim, alguns fazem “magaiva", sacando 400 mil meticais. O nosso país compara-se a uma locomotiva de mercadorias como cervejas, refrescos, arroz, queijos, etc., e abarrotado de dinheiro, tombado próximo de uma aldeia de gente mergulhada no mar da fome e pobreza. Esse acidente ferroviário constitui o fim da fome e da pobreza daquela aldeia bafejada pela sorte. Todos correm para sacar dinheiro e bens. Chegou a vez de eles de degustarem da roubalheira.
Chegou o tempo de roubar fundos do Estado e a adjudicação directa às empresas das elites do partido no poder é a fórmula mais fácil que encontraram. Até os deputados e membros do governo criam suas empresas de recebimentos de fundos públicos. Isso está um festival. Alguns metem na festa seus filhos, amantes e amigos, como foi no caso das dívidas ocultas. A orgia atingiu até às Forças de Defesa e Segurança onde foram descobertos mais sete mil militares fantasmas com salários em dia. Empreiteiros de obras públicas fogem depois de receberem o dinheiro. Jantares do governo que custam mais de 14 milhões de meticais. Escolas primárias sacam fundos do Estado. Não há polícias fantasmas? Não haverá funcionários fantasmas? Não tem pensionistas fantasmas? O número da população de Gaza não é fantasma?! Até o governo é um fantasma. O Presidente é, também, um fantasma que resulta de fraudes eleitorais.
O que mais nos preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais nos preocupa é o silêncio dos bons, como dizia o ativista Marthin Luther King. O Estado virou saco azul onde a gang de criminosos investidos de poder instituído tira a seu gosto. Oremos pela nossa grande pátria mártir da corrupção e saque de fundos para que Deus nos dê força, visão longa e muita sabedoria a fim de expulsarmos da festança os corruptos e bandidos. AMEN!
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 22.06.2022