ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
A Rússia parece preste a conquistar a totalidade região do Donbass, região importante para explicar inclusive a origem da guerra que começou em Fevereiro de 20[22]. No império [Ocidente] a visão predominante, tanto dos Estados Unidos, quanto na Europa, é de que, a Rússia está embarcando numa aventura expansionista, o Presidente Vládimir Putin tem sido comparada até a Hitler. A ideia que está por trás dessas comparações é que ele não vai parar na invasão da Ucrânia e vai ameaçar outros países da Europa oriental no intuito de restabelecer supostamente o império Czarista.
Essas versões me parecem bastante exageradas e, de qualquer maneira, exagerado ou não o tempo dirá, contudo não se da devida atenção a perspectiva russa do problema. Nesta carta eu vou falar um pouco sobre isso, tendo em vista que essa perspectiva desapareceu completamente do debate internacional principalmente na mídia imperialista em detrimento da compreensão do que aconteceu.
Para entender o que aconteceu é preciso voltar pelo menos a 20[14] início de 20[14], final de 20[13], houve uma Revolução colorida na Ucrânia, patrocinada activamente pelos Estados Unidos, que derrubou o Governo que era mais próximo da Rússia e implantou um outro Governo. Foi um golpe muito violento, porque participaram dessa rebelião, dessa Revolução colorida, milícias de extrema-direita que actuaram com bastante violência nos episódios que se configuraram na época.
O que é que fez o Governo que resultou do golpe em 20[14]. A primeira decisão legislativa foi suprimir o status de língua oficial para o russo, essa decisão prenunciou uma atitude muito hostil em relação a grande minoria russófona da Ucrânia e levou uma rebelião em várias Províncias em Odessa, por exemplo, em Khárkov e também na região do Donbass [Lugansk e Donetsk].
Houve uma repressão violenta, por parte do Governo Ucraniano, que foi bem-sucedida em Odessa e Khárkov, mas não foi bem-sucedida na região do Donbass e a Ucrânia acabou sendo obrigada por sucessivas derrotas militares a fazer Acordos. Os Acordos de Minks de 20[14] / 20[15] que eram Acordos, vejam bem, não para garantir a independência da região do Donbass, mas sim, de conseguir uma convivência com autonomia para essas Províncias [Lugansk e Donetsk] dentro da Ucrânia.
Note-se que, esses Acordos de Minks nunca foram cumpridos pela Ucrânia e pelo imperialismo. A Ucrânia se recusou completamente a cumprir um aspecto essencial desses Acordos, que era transformação da Ucrânia dum Estado unitário numa República Federativa com as Províncias [Lugansk e Donetsk] elegendo os seus Governadores.
Hoje, continua seu quadro que havia na época que indica os Governadores das Província, as populações russófonas de Lugansk e Donetsk não aceitaram essa não cumprimento do Acordo e houve um conflito prolongado de 20[14] em diante com a população civil da região do Donbass sofrendo bombardeamentos, ataques, hostilidades das milícias de extrema-direita golpeadas importantes da população russófona nessas regiões e, não consta que a mídia imperialista tenha vertido uma única lágrima se quer pelo que aconteceu ali, nem condenado o Governo da Ucrânia por estar reprimindo de maneira violenta e descumprindo Acordos assinados em Minsk.
Destarte, nem uma lágrima de crocodilo foi vertida, a situação foi piorando demais e segundo informações a serem confirmadas, houve intensificação dos ataques ucranianos na região do Donbass nos meses que antecederam o começo da guerra.
Os dados mostram pelo que eu pude observar uma intensificação dos bombardeamentos, os ataques a região do Donbass por parte do Governo fantoche da Ucrânia. Segundo essa interpretação, que é interpretação que os russos dão que precisa ser ouvida também, o Presidente Vládimir Putin estava diante de um dilema, que é o seguinte: ou assistir de braços cruzados o massacre de população russófona em Donbass ou intervir para protege-las.
O Presidente Putin, fez um cálculo talvez 'incorrecto' ,de que, não vale apena, apenas intervir na região do Donbass, dado que, as represálias imperialistas, as sanções imperialistas seriam de qualquer maneira muito pesadas, então era melhor actuar mais amplamente para neutralizar a Ucrânia, desmilitariza-la, e desnazifica-la esses são os objectivos declarados pela Rússia.
Então, vejam que o quadro é muito mais complexo, do que, sugere a versão que circula nas Capitais imperialistas de um Presidente Putin agressivo, imperialista querendo expandir as fronteiras da Rússia. É provável que essa versão [narrativa], eu digo provável, mas é possível que essa versão seja muito exagerada. Será que ela vai sobreviver ao teste do tempo?
Em ultimo lugar, eu sugiro a todos que queiram se enterrar um pouco melhor das 'várias perspectivas' que existem sobre essa guerra que consultem inclusive especialistas como o suíço Jacques Baud, o americano M.Lock, são especialistas que têm uma visão mais abrangente, a meu ver, mais equilibrada de um conflito muito complicado que está afectando o mundo todo
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [22] de Jumho 20[22]