ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Nelson rolihlahla Mandela, sua vida serve de exemplo a nações do mundo todo.
Mandela, veio ao mundo em 19[18], se fosse vivo no passado dia [18] de Julho faria [104] anos.
O nome Nelson, foi-lhe dado anos depois, por um professor de uma escola Metodista na sequência de seu baptismo. Em xhosa, rolihlahla significa rebelde, termo que pode ser considerado tanto 'satírico' como apropriado para a carreira e o legado do político Mandela. E, eu ainda me lembro na década de [80] do século passado Nelson Mandela era para muitos sul-africanos e muitos moçambicanos um mito.
Mandela, passou quase um terço da vida na prisão. Foi condenado por tentar combater a segregação racial com um movimento armado. Entre o fim dos anos 19[50] e o começo dos anos 19[60], era um advogado que liderava protestos contra a política de segregação racial do Partido Nacional. Em 19[60], a polícia do apartheid atirou matando contra [5] mil manifestantes negros desarmados matou [69] e feriu outros [180].
Após o «Massacre de Sharpeville», Mandela passou a defender a resistência armada e coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e governamentais. O Partido Nacional declarou estado de emergência e baniu o África Nacional Congresso [ANC]. Em 19[62], Mandela foi condenado a cinco anos de prisão.
Dois anos depois no famoso Julgamento de Rivonia, foi sentenciado à prisão perpétua com outros líderes negros.
«Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática em que as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais”, disse no último dia de seu julgamento. “É um ideal que espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer» (Nelson Mandela)
Depois de [18] anos na prisão da Ilha de Robben, Mandela foi transferido para Pollsmoor, na Cidade do Cabo, onde ficou numa cela isolada. Sozinho Mandela teve uma revelação: «todos os anos de guerrilha e luta militar do ANC foram inúteis e não derrotariam o apartheid na África do Sul. Ao contrário, apenas fortaleceriam o regime, por alimentar o medo». Ele pensou: «Por que não negociar?»
Mandela ficou isolado no ANC, seus colegas acreditavam que ele fraquejava ao querer negociar com seus carrascos. Ficou a lição para movimentos libertação ao redor do mundo: saber o momento de negociar ciente, de que, esse é um passo inevitável.
Se o confronto, diante de uma força opressora serve como grito por justiça e pode trazer avanços, o enfrentamento permanente nega a uma sociedade exactamente o que Mandela buscava: uma vida em harmonia e com oportunidades iguais para todos.
Na prisão desde 19[63] ele estava isolado, distante de jovens que sonhavam com um grande líder negro africano que simbolizasse a liberdade e o fim do aparthed.
Nelson Mandela, abraçou e simbolizou como poucos em toda a História da humanidade, o espírito que dominou os momentos finais do século [XX] a última década do mais sangrento século da História; viu o comunismo desaparecer na Europa e com ele a guerra fria que dividia o mundo em duas partes que se ameaçavam mutuamente e Israelitas e palestinianos pareciam caminhar para a paz.
Em favor da convivência harmoniosa Católicos e Protestantes da Irlanda do Norte aos poucos abandonavam as armas, ditaduras militares e conflitos davam lugar na América-Latina à festa da democracia, ao lado, banhos de sangue na África e na antiga Jugoslávia muitos eram os panoramas, mas ninguém soube incorporar em suas acções o significado da palavra 'tolerância' como Nelson Rolihlahla Mandela.
Desde cedo, Mandela mostrou-se um inconformado especialmente com algo que testemunhava diariamente: injustiça. Ele não nasceu para seguir as injustas e imorais regras impostas pela elite branca em seu país sob o abominável nome de apartheid.
Seus ideais, Mandela cumpriu praticamente à risca contrariam boa parte da tradição política astuta do jogo de interesses, da destruição implacável do oponente e da relativização da ética. Àqueles que o ouviram Mandela, ensinou muitas lições que agora precisam ser lembradas e abraçadas como objectivos na busca por mais qualidade de vida e justiça para todos
Escolhido em 19[94] para Presidente da África do Sul, Mandela governou por quatro [4] anos , poderia ter facilmente conquistado um segundo mandato, mas Mandela sabia que a 'perpetuação de líderes no poder' era um dos maiores erros cometidos por nações africanas.
Por isso, a África continua ainda hoje como um dos continentes mais violentos do mundo. Conflitos armados que provocam a destruição, a fome, a migração e morte de pelo menos 15.000 pessoas por ano. São Guerras provocadas por ódio étnico, político ou ideológicas muitas por puro desejo de revanchismo [desforra/vingança]. Mali, Nigéria, República Democrática do Congo estão entre as nações africanas que mais sofrem com a violência.
«Mandela ensinou que o melhor caminho para a paz é o perdão, e o entendimento. Se houvesse na África mais líderes como Mandela, capazes de lidar e dialogar com o inimigo, haveria menos conflitos». Afirma, José Paulino Castiano Professor de Filosofia de africana na Universidade Pedagógica. Ou seja, ganharíamos muito se tivéssemos um Nelson Mandela em nossa História ou se almejássemos incorporar seus ensinamentos na política.
Mandela, pregou uma política baseada na 'desfetichização do poder político', quer dizer, uma organização económica que visa à produção da vida ao invés da produção da morte e visa à reciprocidade e à distribuição justa da riqueza entre muitos e não à acumulação de riqueza entre poucos.
Mandela buscou o diálogo com seus adversários, apertou a mão do líder do regime que o aprisionou, o Presidente Frederick De Klerk com quem dividiu o Prémio Nobel da Paz, pregou a pacificação com o Partido Zulu Inkhata, adversário do ANC durante um período de violência entre negros logo depois de sua libertação.
Mandela foi um verdadeiro 'Grande Ser Humano' ,pois, para ele só era possível conquistar o adversário ao demonstrar respeito e empatia por ele, sobretudo ensinou a tolerância; confrontos e enfrentamentos não funcionam. Ausência do espírito de revanchismo, era também seu forte, ele enfrentou sempre uma oposição muito forte de quem estava no poder e, quando o assumiu não humanizou o revanchismo.
Mandela, assimilou muito mais a importância de pôr em prática projectos de redução das desigualdades relativas aos problemas sociais, além da sua 'maturidade' na política, Mandela também inspira aqueles que sabem o valor da Educação, uma das maiores faltas no país.
As discussões sobre Educação hoje no país estão colocando uma série de questões que evidenciam alguns problemas que não podem mais ser deixados de lado quando se consideram os rumos da Educação. «Educação é a mais poderosa arma que se pode usar para mudar o mundo», dizia Mandela. Se aprendermos essa lição, seguramente teremos um futuro melhor.
Mandela, não foi um cândido nem um líder incapaz do erro como Presidente. Porém, ele atingiu uma grandeza rara. «Fui um dos incontáveis milhões que se inspiraram na vida de Mandela» (Bárack Obama).
Os americanos nem sempre olharam a lição de Mandela como certa. Se estão lembrados nos anos [80], do século passado quando crescia o brado pelo mundo todo por sua libertação o Presidente Ronald Reagan colocou o ANC, nesse caso clandestino numa lista de grupos terroristas onde ficou até 20[08]. Em 19[85], Dick Cheney, o então Congressista e futuro Vice-Presidente de George W. Bush, 20[01] / 20[09], votou contra uma resolução no Congresso que 'implorava' a libertação de Mandela.
Uma das primeiras medidas de Mandela ao chegar à Presidência foi formar a Comissão da Verdade e da Reconciliação [CVR] sob a Presidência do arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Nobel da Paz. A Comissão ouviu vítimas de violações dos direitos humanos cometidos pelo Estado ou por qualquer outra organização, grupo ou indivíduo. Prestaram depoimento pessoas torturadas ou presas injustamente, parentes de militantes assassinados e famílias atingidas pelo terrorismo de todo tipo de Grupos Nacionalistas Negros, Chefes Militares do Regime Segregacionista, Polícias, Agentes dos Serviços Secretos ou integrantes de Milícias Brancas Paramilitares. As audiências eram públicas e transmitidas pela teve; foi um verdadeiro 'expurgo' público dos crimes cometidos durante os [46] anos de apartheid 19[48] / 19[94].
O processo foi o maior apelo de Mandela em favor da paz entre negros e brancos saídos de um regime que os tratava como animais. Os negros poderiam ter-se deitado a uma violenta vingança nas mãos de um líder populista e irresponsável, a África do Sul poderia ter sido teatro de um gigantesco banho de sangue era o que Mandela mais receava, ele queria reconciliar o país não perseguir os derrotados.
Mandela, dizia, ser impossível ter uma África do Sul boa, se não fosse boa para brancos e negros, Mandela pregou a confraternização respeitosa mesmo entre aqueles que não se acham iguais.
Como ele não cansou de mostrar a humanidade é uma só.
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [19] de Julho 20[22]