RESUMO DA SITUAÇÃO
Os ataques insurgentes continuaram a um ritmo relativamente lento na semana passada, embora numa vasta área de Cabo Delgado, nos distritos de Ancuabe, Mocímboa da Praia e Macomia. Um dos maiores ataques da última semana ocorreu no distrito de Ancuabe, nos arredores da aldeia de Mihecane, a 19 de Julho. Um grupo de seis moradores que fugiu de um ataque anterior no final de Junho terá regressado para recuperar alguns pertences de suas casas quando foram abordados por insurgentes, segundo um relatório de um consultor de segurança. Um conseguiu escapar numa motocicleta enquanto os outros cinco estão desaparecidos, presumivelmente mortos. Três dias depois, o Estado Islâmico (EI) publicou uma declaração nos meios de comunicação, alegando ter decapitado cinco pessoas e queimado duas motocicletas em Mihecane.
Mais a norte, em Mocímboa da Praia, os insurgentes lançaram um grande assalto à aldeia de Mitope, a cerca de 35 km a oeste da sede distrital, a 22 de Julho. Os insurgentes atacaram por volta das 16h, incendiaram casas, pilharam bens e raptaram várias pessoas, informou uma fonte local. Outra fonte de segurança disse que houve uma breve troca de tiros entre milícias locais e insurgentes, que depois fugiram pela aldeia de Chitolo, onde os insurgentes atacaram as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) a 12 de Julho. Mais tarde, o EI reivindicou o crédito pelo ataque através dos meios de comunicação social, publicando uma declaração dizendo que dezenas de casas foram queimadas juntamente com uma série de fotografias com edifícios em chamas supostamente de Mitope.
Mitope situa-se a apenas 10 km do cruzamento estratégico de Awasse, que controla o tráfego entre Mocímboa da Praia e Mueda, uma via de transporte considerada relativamente segura há alguns meses após as primeiras ofensivas ruandesas na área. Várias famílias deslocadas regressaram recentemente a casa, na sequência de garantias do governo de que a área é segura. Este ataque demonstra que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) e as Forças de Defesa do Ruanda, que são responsáveis pela segurança em Palma e Mocímboa da Praia, ainda estão a lutar para desalojar permanentemente os insurgentes do distrito, apesar das inúmeras operações de limpeza.
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