EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (105)
Presidente: tenho uma profunda desconfiança da Tabela Salarial Única, a famosa TSU, que, actualmente, tira sono aos pobres (ou empobrecidos) e trabalha[1]dores moçambicanos.
Mesmo depois de bebedeiras desenfreadas, o povo só sonha com a TSU. A TSU é uma autêntica mentira para ludibriar o povo.
O seu Governo, Presidente, como nada fez de efectivo para reduzir os assustadores níveis de pobreza que assolam Moçambique, resta-lhe confundir o povo e, sobretudo, os militantes da Frelimo, visto que se aproxima o próximo congresso que, de certeza, será o ideal palco onde serão lançadas as pedras do pavimento que lhe poderá conduzir ao almejado terceiro mandato.
É tudo uma questão de jogada política! Por outro lado, como havia um debate forte sobre o “sonhado” terceiro mandato e a possibilidade de o Presidente poder estar implicado no vergonhoso calote que fez com que Moçambique fosse manchete em reputados jornais mundiais- pelas piores razões-, introduziu-se a TSU.
E tudo agora está concentrado na TSU, apesar de não se saber quando é que, efectivamente, todo o funcionário público passará a usufruir dessa disso. A TSU parece daquelas drogas pesadas que viciam em dois tempos!
Como se não bastasse este nosso léxico pobre- ou de pobreza-, a Frelimo e o seu chefe introduziram a TSU. É uma tentativa de se salvarem deste Titanic já afundado.
Talvez até seja uma tentativa de adiar o inadiável: nossa Primavera; a Primavera moçambicana!
Não é esta mesma Frelimo que sempre quando é para aumentar o salário do povo acrescenta até 200 meticais, alegando que não há dinheiro?
E faz isto em anos de poucos solavancos: sem pandemia, sem guerra na Ucrânia, sem decapitações em Cabo Delgado, sem calotes vergonhosos. Agora, com este quadro nada abonatório, onde é que vai buscar tanto dinheiro para “oferecer” o povo? Este ainda é- e se depender da Frelimo por muito tempo será- um País-mendigo!
50 anos pedindo esmola!!!!
Moçambique ainda não possui uma estratégia económica exequível, para se libertar, em tempo útil, da dependência económica externa.
O financiamento estrangeiro ao Orçamento do Estado, que chega quase aos 50 por cento, volvidos 50 anos de independência, é uma humilhação!
O País, em quase esses 50 anos, não conseguiu acertar uma estratégia publicamente conhecida, para, pelo menos, produzir o que precisa para comer.
Este é um País com fome e que não consegue produzir a sua própria alimentação, em quantidades satisfatórias, para o seu povo.
E quer aumentar salários a 100 por cento?! Eu sou a favor de salários melhorados.
Acredito que esta pode ser uma das soluções para o aumento da produtividade nacional. Mas, tenho imensas dúvidas sobre a seriedade da TSU.
Acho que não passa de mais uma aldrabice deste Governo que desde que foi eleito ainda continua perplexo e a escangalhar o pouco que Moçambique com que se orgulhar.
DN – 29.07.2022