Extremismo islâmico em Cabo Delgado
Pequenos grupos terroristas podem já estar a circular no distrito de Montepuez, no centro da província de Cabo Delgado, de acordo com informações de fontes locais.
Relatos obtidos pelo mediaFAX, durante o fim-de-semana, indicam a decapitação de três garimpeiros que operavam numa mina artesanal de metais preciosos e semi-preciosos na aldeia de Nacaca, posto administrativo de Montepuez-sede, a 12 quilómetros da cidade de Montepuez, a capital distrital.
As fontes não adiantaram a data exacta em que tiveram lugar as decapitações, apontando somente ter sido “nos últimos dias”. Montepuez é um dos pontos da província de Cabo Delgado onde se encontra vários centros de acomodação para pessoas que abandonaram as suas zonas de origem no norte da província, devido à actuação de grupos terroristas.
Por causa de relatos relacionados com estas incursões, que já correm nas aldeias daquele distrito, incluindo na sede, regista-se, nos últimos dias, movimento intenso de entradas na sede distrital, acreditando-se que as famílias venham de algumas aldeias do interior, particularmente as regiões vizinhas de Ancuabe e Meluco, que nos últimos tempos têm estado a ser fustigados por recorrentes incursões de grupos terroristas.
Grupos diversos
Por outro lado, em várias outras aldeias dos distritos do centro e norte da província continuam também indicações de que os grupos terroristas continuam a circular, causando total insegurança e intranquilidade no seio da população que, apesar da insegurança, permanece em algumas regiões.
Nisto, a 13 de Julho corrente, numa altura em que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) apertavam o cerco à base terrorista de Kathupa, no distrito de Macomia, pequenos grupos insurgentes atacavam a região de Iba, em Meluco. Também se registou circulação de terroristas nas baixas de Namitugo, região na qual a população de Licangano e Chicomo tentou reiniciar a produção agrícola.
Nestas regiões, relatou-se a vandalização de celeiros. Ainda em Meluco, fala-se da continuidade de pequenos grupos nas cerradas matas de Ngangolo.
Preocupante, igualmente, é a situação que se assiste em Palma, o distrito que acolhe os milionários projectos de exploração de gás natural.
Indicações recebidas, na manhã deste domingo, sugerem a entrada de terroristas na região de Phundanhar. Nesta região, recorde-se, assistiu-se, há duas semanas, uma intensa confrontação entre as FDS e grupos terroristas, realidade que obrigou a tropa moçambicana a abandonar a sua posição naquele ponto do distrito de Palma.
Não se sabe se as FDS já voltaram a ocupar a posição. As incursões terroristas relatadas em várias aldeias de Cabo Delgado podem estar associadas ao argumento que o Presidente da República apresentou, semana passada, na cidade de Pemba.
Filipe Nyusi disse que os ataques terroristas reportados mais a sul de Cabo Delgado eram claramente resultado da intensificação da perseguição dos grupos terroristas, particularmente depois de serem escorraçados das novas bases que construíram depois de expulsos de várias regiões de Mocímboa da Praia.
Na lista das bases, o PR falou das matas de Kathupa, locais que se acredita que constituíam novos refúgios de alguns líderes do terrorismo.
MEDIAfAX – 18.07.2022