Estive na África sem pôr os pés lá!
Experiência vivida em tempos tão caros, com seres humanos e bichos que se misturavam com pureza.
Isso foi possível através da vivência de um homem extremamente conhecedor de tecnologias, satélites e muito mais, mas que não precisou absolutamente de qualquer recurso da sua área de conhecimento científico. Bastaram os seus sentimentos expressados nesta obra carregada de encontros inusitados, contos inesperados e emoções que também afloram em nós a saudade do que ele nos faz viver juntos.
As imagens trazidas nessa obra são marcantes ora pela troca generosa entre pessoas e bichos, ora pelos marcos geográficos que nos forçam a refletir sobre a imensidão do mundo e a pequenez da sua exploração que causa sofrimento para povos já tão desfavorecidos.
Pois bem, esse é o seu passaporte para uma aventura despretensiosa e ao tempo especialmente adorável.
Poderia dizer mais, porém é o Fernando Melo Sequeira quem vai contar melhor.
Cristiane Sekeff
Jornalista - Professora Mestra em Ciências da Comunicação
Teresina, maio de 2022.
Apresentação
Nasci no mato...
África, Moçambique...
Numa bela região ladeada pelos rios Lúrio e Ligonha, na pequena cidade, Nampula...
Em menino, corri descalço pelos carreiros em terra batida, rodeado de matagal por onde passeavam cobras mortíferas, adormecia ao som dos urros do leão, das gargalhadas das hienas e ao som dos tambores dos batuques.
Cresci com o cheiro intenso, profundo e...delicioso da terra vermelha molhada pela chuva, cresci sem nunca ter visto uma televisão, mas ouvi Portugal obter o terceiro lugar do campeonato do mundo de futebol, em 1966 pela rádio.
Sem luz eléctrica os telefones, funcionavam à manivela... Saúde?...O Serviço Nacional de Saúde, era um velho enfermeiro que receitava "Resochina" para o paludismo e "Aspirina" para o resto dos males e doenças.
Cresci a comer a deliciosa "Xima" com as mãos, a correr pelos charcos das águas das chuvas, senti a delicia de tomar banho à meia-noite nas cálidas águas do Índico, experimentei o delicioso, vigoroso e macio amor africano, dormi ao relento nas areias acariciadas pelo Índico, ouvindo a canção de embalar por suas ondas e embebi-me com o cheiro da fruta das enormes mangueiras.
Cresci, sem telemóveis, smartphones e outros aparelhos afins, sem imaginar sequer que um dia o computador e a internet existiriam...
Enfim, nasci, cresci e fiz-me homem, e foram estes os meus momentos paradisíacos. Foi esta a minha época de felicidade, foi assim que eu fui feliz... Dizem de que o meu nome "Fernando" teria surgido em Portugal em meados do século XI como Fredenandus, forma antiga derivada do germânico Fridenand. Esta, união das palavras "fridu" (paz) e "nanthjan" (ousar), induz a que se ousa em nome da paz, contudo, outras variantes como "fardi", significa "viagem" ou àquele que "ousa viajar", talvez por isso só queira voltar a ser feliz, e ter uma vontade constante de ir para "casa"...lá longe...junto ao meu Índico.
(Foto do Fernando Melo Sequeira do meu arquivo)