O economista João Mosca diz que a hipótese de Moçambique responder às crescentes necessidades de gás na Europa, colocada pela Empesa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), não passa de propaganda política, porque a situação de insegurança, em Cabo Delgado, nada garante que a produção e exportação deste recurso vão arrancar dentro dos prazos previstos.
O administrador comercial da ENH, Pascoal Mocumbi Júnior, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), disse que com a situação da guerra na Ucrânia, o mercado europeu aumentou a demanda no gás, acrescentando que uma das formas de acelerar para que o gás moçambicano chegue aos mercados é usar uma segunda plataforma flutuante similar a que já está em Moçambique.
Mocumbi destacou que "com a quantidade de gás existente em Moçambique, o país, automaticamente, se posiciona como uma alternativa para suprir a necessidade existente atualmente e quanto mais rápido o país conseguir colocar o seu gás no mercado, maior será a possibilidade de tirar vantagens da atual crise provocada pelo conflito Rússia-Ucrânia".
Mas João Mosca coloca em causa essa hipótese, porque em 2030, o gás poderá ser extraído por essas plataformas flutuantes, mas não em quantidades suficientes para resolver qualquer tipo de problema na Europa ou noutras partes do mundo, em substituição do gás russo.
Mosca avançou ser por isso que estão, muito rapidamente, a serem feitas construções de pipeline a partir de alguns países árabes do norte de África, como por exemplo a Argélia e também a construção de pipeline dentro do sistema europeu de distribuição.
"Isto significa que as respostas não serão imediatas nem nos próximos anos, e falando em 2023 seria muito optimista", realçou aquele economista, acrescentando que mesmo que as exportações sejam normais, há um conjunto de grandes aspectos de logística que tem que ser feitas a partir da terra; então tudo isso são conversas e propaganda política, nada de concreto".
VOA – 28.07.2022
NOTA: Ninguém sabe ainda se o gás de Cabo Delgado chegará a tempo de evitar a bancarrota do Governo da Frelimo.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE