Manifestantes acusam as autoridades angolanas de boicotarem o protesto contra os resultados provisórios divulgados pela CNE, agendado para este sábado. Vários jovens foram detidos e agredidos.
A polícia reprimiu, este sábado (27.08), os manifestantes que se preparavam para marchar do Largo da Independência até ao perímetro do Palácio Presidencial, na Cidade Alta, em Luanda, onde o maior partido da oposição venceu as eleições, segundo os dados divulgados, recentemente, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). Vários jovens foram detidos e agredidos.
Nas ruas, vários angolanos reconhecem o partido do galo negro como o vencedor das eleições gerais e já consideram Adalberto Costa Júnior o seu Presidente da República. Na noite de sexta-feira, como aconteceuem vários pontos do país, também na centralidade do Kilamba e no bairro Benfica, houve gritos de apoio ao partido,após as declarações do líder da UNITA.
Forte aparato policial em Luanda
No centro da cidade, a polícia angolana está a dispersar com uso da força todas aglomerações de jovens. O Largo da Independência, o ponto das manifestações em Luanda, está sob um cordão policial que impede o acesso de qualquer cidadão.
Joyce Cossi, uma das jovens que pretendia participar na manifestação que exige a "verdade eleitoral", afirma que "não há cabidela" para o MPLA comemorar a vitória eleitoral.
"Em todo o país, nenhum cidadão quer o MPLA no poder, principalmente o próprio João Lourenço que confronta a UNITA. Essa luta já não é entre partidos. Esta é a luta do povo contra o MPLA, porque a população já não quer o MPLA no poder".
A estudante de enfermagem diz que não é justo o MPLA insistir em manter-se no poder. "Estamos num país democrático. Por isso, tem que haver alternância do poder. Angola não é um reinado onde tem um rei e uma rainha. Aqui é só MPLA. Saí Zedu e entra João Lourenço e sempre o MPLA”.
Em 2020, a juventude angolana lançou a campanha "João Lourenço, em 2022 vais gostar" , mensagem pelo qual alertavam que o partido no poder não contaria com o seu voto.
"Nós já o avisamos que o MPLA vai gostar e nestas eleições gostou porque a maior parte dos angolanos não votou no João Lourenço. Como é hábito o MPLA vencer por fraude não consegue festejar", sublinhou Joyce.
DW – 27.08.2022