Por Edwin Hounnou
Manuel Chang, antigo ministro das Finanças, é o caixa-negra de todos os segredos das dívidas inconstitucionais contratadas pelo então governo Armando Guebuza, está detido numa prisão sul-africana, desde 29 de Dezembro de 2018, a caminho de Dubai, demandado pela justiça norte-americana devido à fraude ao sistema financeiro dos Estados Unidos. De lá para cá, a Procuradoria-Geral da República, PGR, tem vindo a gastar rios de dinheiro dos contribuintes por uma causa perdida e calcula-se que la tenha reembolsado mais de 117 milhões de meticais até Agosto de 2020.
Os dinheiros que a PGR tem investido para impedir que Chang não seja extraditado para os Estados Unidos da América, EUA, fazem muita falta ao país como na construção de infraestruturas escolares, viárias, fornecimento de água potável às populações, etc. O governo tem esbanjado o pouco que o país tem na tentativa de salvar a quem desenhou as dívidas que jogaram o país na fossa. Há moçambicanos presos cadeias de países estrangeiros e a PGR nunca intercedeu por eles. O que Chang tem de especial? Chang é o “pin" das dívidas ocultas.
É a chave do cofre onde estão guardados os segredos relacionados com as dívidas ocultas. Quem que tiver Chang, fica a saber tudo - como quem se beneficiou do calote e quanto cada um dos intervenientes amealhou. Mesmo aqueles que foram ao tribunal da tenda tentar ensinar a moral, ficarão desmascarados, por isso, o esforço que a PGR está a encetar. Visa camuflar das dívidas ocultas cometeram contra o Moçambique e seu Povo. Não tem nada a ver com o patriotismo. A PGR não moveu nenhum processo contra Chang. Nada impede que Chang viva como homem livre e a gozar de todos os seus direitos. Não é possível que ele tenha assinado o aval do endividamento por sua iniciativa. Ele recebeu ordens para agir de tal modo.
Se as autoridades sul-africanas deixarem Chang regressar para Moçambique, ele será homem livre, ninguém o vai deter, cruzar-nos-emos com ele nos cafés, na rua, nos campos de futebol, teatros, etc. Ninguém ousará pôr-lhe a mão em cima porque ele poderá chamar a polícia. As nossas autoridades não confiáveis. O pouco que a gente sabe sobre as dívidas ocultas, vem de fora e não foi denunciado pela nossa PGR que nunca denunciou a existência de dívidas ocultas. Em uníssono com a bancada parlamentar que suporta o governo, a PGR cantava que não havia dívida oculta. Se Chang regressar, ele será recebido com pompas e todas as honras.
Assim sendo, apoiamos todo o esforço que visa levar Chang a ter que responder em juízo perante o tribunal que o está a demandar. A partir dos EUA ficaremos a saber toda a verdade sobre esta roubalheira. O julgamento que ocorreu na tenda da Machava julgou, apenas, o suborno de 50 milhões de dólares, que é uma ninharia quando comparados com os 2.2 biliões de dólares do calote. Jean Boustani revelou, em juízo, que subornou os moçambicanos, envolvidos no calote, com 200 milhões de dólares. Gostaríamos de saber quem são esses que ficaram com esse dinheiro todo. Entre nós, quando são perguntados, respondem que não têm memória de elefante, outros se refugiam em estratagemas de nos darem aulas de patriotismo. Outros ainda se escondem por detrás de imunidades que os torna intocáveis.
Se Chang não for levado para os EUA, considerar-nos-ão como pouco maleáveis aos seus desígnios. O povo não deve aceitar a designação de “pacífico e ordeiro", quer dizer, um povo que sempre diz “sim". Quando o povo se opõe, epes dizem que estamos a ser manipulados por países estrangeiros, como andaram a dizer quando uma ONG foi à África do Sul travar o regresso de Chang para Moçambique. Não faltaram os epítetos dos mais amargos aos mais picantes sobre a ONG (CDD - Centro de Democracia e Desenvolvimento) que, de forma heroica, barrou a vinda de Chang para se juntar aos seus correligionários. O CDD interrompeu a festa dos caloteiros.
As extravagâncias já rasgam a nossa vista e trespassa os nossos corações. Quando uma pessoa deposita, em qualquer balcão bancário um certo valor, as suspeitas chegam de todos os lados. Porém, imberbes que nunca na vida trabalharam andam em carros de alta cilindrada. Esse é o enriquecimento que nos assusta. Achamos que seja produto das dívidas inconstitucionais. O que pensa a PGR? O Ministério Público, também se põem à janela a bater palmas. Assim, vai Moçambique, país da marrabenta!
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 10.08.2022