EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (107)
O Presidente da República anunciou no dia 09 de Agosto do corrente ano, um pacote de 20 medidas de estímulo à economia, com vista a minimizar o impacto do elevado custo de vida sobre a população moçambicana.
São tantas as medidas anunciadas que, ao chama-las para aqui, desviar-nos-íamos do propósito desta carta.
Com esta carta, Presidente, quero que saiba que eu, o Laurindos, acolho positivamente todas as 20 medidas anunciadas, mas, chamo a atenção para o facto destas não resolverem os problemas imediatos da população moçambicana que, actualmente, se ressente dos elevados custos de vida e age como quem não tem nada a perder.
E é isso que me faz escrever esta carta - o não ter nada a perder E, para ser inteiramente franco, escrevo - lhe, não tanto por acreditar que vá ter em si, Presidente, qualquer efeito – todo o seu comportamento, desde que assumiu a direcção do Governo, traindo, inescupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! – mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência.
Preciso lhe lembrar, Presidente, que todas as 20 medidas anunciadas representam, por ora, conchas vazias, se não acompanhadas de melhorias reais e tangíveis para a vida material de milhões de cidadãos comuns deste vasto País, onde homens e mulheres carregam o fardo da fome, de sofrer por males preveníveis, enfraquecidos pela ignorância e o analfabetismo, abandonados sem um abrigo digno.
E h á uma coisa que me assusta: é que depreendo que a paciência do povo chegou ao seu fim. Não é preciso um apelo ao povo para que marche de forma decisiva e ininterrupta.
Todos sentem na alma a dor de ser enganados, de ser infinitamente desprezados, pisoteados. Acho que o povo esperou tempo de mais pela sua liberdade. Não pode esperar mais.
É este o tempo de marchar. Abrandar os seus esforços agora seria um erro que as gerações vindouras não poderão desculpar.
Sobre tudo quando a visão da liberdade está no horizonte. Estaria a mentir se dissesse que uma grande parte da população moçambicana, hoje, sente-se exilada no seu próprio País? E qual é o seu delito? Pedir mais justiça e mais equidade. E isto acontece num País em que tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis.
DN – 12.08.20252