Guerra em Cabo Delgado
“Os que lideram o terrorismo em Moçambique nunca deram a cara ideológica do seu manifesto. O país ainda não encontrou uma explicação clara” – Cristóvão Chume
O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão disse que as discussões académicas não estão a conseguir encontrar as causas reais do terrorismo na província de Cabo Delgado, prevalecendo a teoria da pobreza, da exclusão social e da riqueza do gás.
“Edificaram-se e costuraram-se análises sobre as causas. Estrelas mediáticas compareceram em todos os canais de comunicação e fomos ditos repetidamente que as causas gravitavam à volta da pobreza, exclusão social, a riqueza do gás, entre outras.
De forma tímida, a academia nacional iniciou uma discussão das causas sem ter conseguido, até hoje, passar para a comunidade nacional a razão objectiva do fenómeno”, afirmou.
Cristóvão Chume falava, ontem, durante o início da 1.a Conferência Científica de Defesa e Segurança, que decorre no Instituto Superior de Estudos de Defesa “Tenente- -General Armando Emídio Guebuza”.
Disse que as Forças de Defesa e Segurança estão no terreno desde o fenómeno inicial na Esquadra da Polícia em Mocímboa da Praia. Afirmou que a matriz construída à volta da acção das Forças de Defesa e Segurança colocou uma maioria da população a pensar que o terrorismo é uma catástrofe que se combate somente com as armas.
“Os que lideram o terrorismo em Moçambique nunca deram a cara ideológica do seu manifesto. O país ainda não encontrou uma explicação clara”, afirmou. Cristóvão Chume disse que é neste quadro que acontece este evento, sobre o qual há grandes expectativas, por ser a primeira vez que, nas Forças de Defesa e Segurança, de forma descomplexada, se vai se debater academicamente o fenómeno do terrorismo no país, as causas e as formas de prevenção.
Crime organizado aproveita fraquezas
Cristóvão Chume disse que o fenómeno que estará em debate é internacional. “Há um sindicato do crime organizado que se aproveita de diferentes fragilidades, entre sistemas de segurança e fracturas ideológicas.”
Disse que em países como Moçambique, grandemente rural, ataca os pobres, cria deslocados, destrói infraestruturas sociais, económicas e políticas.
“Os Estados que sofrem de acções do terrorismo nunca caiem. No final, têm resiliência contra o fenómeno graças ao reconhecimento internacional de que nenhum país do Mundo pode, de forma singular, combater ou vencer o terrorismo”, afirmou.
O ministro da Defesa Nacional disse que será um erro grave se, durante estes dias, se deixar de debater como é que os outros países tomaram boas decisões que visam a prevenção e combate ao terrorismo.
“Fora o quadro de resposta militar, que iniciativas foram investidas, particularmente para prevenir o recrudescimento da insurgência armada de toda a natureza. Acreditamos no investimento para a prevenção, pois está mais do que provado que, por mais que tenhamos grandes Exércitos, as consequências económicas e sociais de actos terroristas são indeléveis”, disse. (Cláudio Saúte)
CANALMOZ – 23.08.2022
NOTA: Como já várias vezes afirmei a FRELIMO tem que ser incluída na discussão. Mas parece que nem de “forma descomplexada” tal acontecerá, pois a FRELIMO está e continuará a estar acima de tudo, como se de Deus se tratasse.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE