Terroristas voltaram a atacar várias aldeias entre quinta e sexta-feira (2)
Por Francisco Nota Moises
De novo, sinais de grande preocupação!
"A reacção, considerada bastante tardia das FDS e aliados, não deu nem para “incomodar” o bando atacante. Diz- -se que houve reacção somente para ficar registado ter havido e não com intenção de “ajustar as contas”. Aliás, informação recebida aponta que os elementos das FDS que se deslocaram para as regiões atacadas, acabaram disparando e ferindo uma mulher que tentava levar mandioca seca para o sustento da família. Depois de atirar contra a mulher e, aparentemente, pensando que a mulher tinha morrido, os militares foram embora. Entretanto, apenas ferida, a mulher conseguiu ligar para o marido e acabou sendo socorrida. Depois de passar da unidade da chamada força local, foi transportada para o hospital." (MEDIA FAX – 29.08.2022)
O que é que as pessoas gostariam de ver antes de acreditarem que a guerra está perdida em Cabo Delgado para o regime terrorista da Frelimo e que varias regiões de Cabo Delgado não estão mais sob o controle do regime de Maputo de Felipe Nyusi?
A soldadesca da Frelimo tem medo de sair das suas bases para enfrentar os comandos rebeldes do Norte. E para demonstrar a sua bravura cobarde alvejam contra uma mulher que grita "nango ndapela na mene" em maconde para dizer "esses tipos matam-me." E isto aconteceu depois dos cobardes saírem da sua base tardiamente depois duma operação por uma força de comandos rebeldes. A reação tardia da soldadesca terrorista da Frelimo não era para confrontar os comandos rebeldes, mas sim para poderem escrever, se sabem escrever, no seu registo que agiram com galhardia para os camaradas de Nyusi, Bernardino Rafael e Mangrasse verem para eles abanarem as suas cabeças e se convencerem que a sua tropinha está na verdade a fazer algum trabalho contra os patriotas que não actuam como terroristas como a Frelimo faz.
Os terroristas da Frelimo atribuem os seus crimes à Renamo dizendo que essa matava, abria as barrigas de mulheres gravidas com baionetas e comiam pessoas. Mas a minha experiência aquando de cada uma das cinco incursões que fiz as zonas libertadas da Renamo nas províncias da Zambézia, Tete e Sofala testemunhava que a Renamo era uma força bem disciplinada que respeitava e mesmo temia o povo.
Basta ver -- isto aconteceu algures na zona de Inhangoma, distrito de Mutarara, provincia de Tete, com o grupo em que estive da Zambezia para Tete e Sofala -- quando fomos obrigados a sair a correr dum quintal que tinhamos ocupado para ali pernoitar sem pedir permissao do homem que la encontramos a coxear com ajuda duma bengala visto que uma das suas pernas estava paralisada como resultado da mordedura duma vibora (chipiri em sena).
Actuamos como conquistadores. Intimidado por homens com ak-47, PpShs russas, bazucas e alguns com granadas alfinetadas nos peitos e com bagagens nas costas ou nas cabeças, o coxo não disse nada e retirou-se para uma das duas palhotas. Estávamos todos cansados e deitados nas esteiras, quando repentinamente ouvimos um grito duma mulher que falava numa língua que eu não entendia visto que ela estava em transa a comunicar com os espíritos.
Poucos minutos depois vimos o homem de regresso ao lugar onde o tínhamos visto à nossa chegada e com muita bravura nos disse: "nzimu wa nkazi nhumba mule nkhabe kufuna kuona nfuti. Asakupangani mubuluke chinchino pano (o espirito da mulher naquela palhota não quer ver armas. Ela ordena que saiam daqui agora mesmo e sem tardar). Os combatentes da Renamo agiram como se a ordem tivesse vindo do próprio Deus. Levantamos como se as nossas pernas tivessem molas. Num abrir e fechar de olhos deixamos o quintal para uma residência no outro lado duma fileira de arvores que separava as duas residências, onde o comandante Inácio, chefe da segurança da Renamo na Zambézia, falou com o dono da residência, dizendo que tínhamos sido expuslos da outra residência e pedindo se podíamos passar a noite no seu quintal. O homem disse: "não problemas."
Durante aquela mesma incursão -- isto em Sofala de regresso a Zambézia -- tivemos um outro problema. Entramos numa residência enquanto os donos estiveram na machamba. Os guerrilheiros que já tinham sido albergados lá fizeram fogos no quintal para prepararem comida. Um dos fogos foi feito em frente da porta da palhota da velha que era uma curandeira cujo espirito não gostou do fogo em frente da sua palhota, quando regressou da machamba.
Entrou em transa na sua palhota, agarrou a sua faca espiritual que lhe conferia poderes sobrenaturais e exigia que nkulu wao (o grande deles ou o comandante) entrasse na palhota. O comandante, que eu tinha visto chamboquear um guerrilheiro na sua base de Tete por ter maltratado uma mulher quando ele estava a beber na aldeia e a mulher veio na base se queixar, estremecia e quase que defecava nas calças. Depois do homem da residência nos ter assegurado que a mulher não nos faria nenhum mal e eu ter pressionado o comandante, ele e eu entramos na palhota onde nos acocoramos em respeito total dos espíritos e da velha curandeira.
A velhota nos ralhou por ter feito o fogo em frente da sua palhota, dizendo que aquilo tinha ofendido os seus espíritos. Eu pedi perdão enquanto o comandante estava verbalmente paralisado com medo. A velhota agradeceu-me, referindo-se a mim como "o meu filho" antes de dizer que os espíritos nos tinham perdoado e estavam contentes e nos acolhiam como os seus filhos. Depois de sairmos da palhota, a velha começou a se cumprimentar e a rir com os rapazes que ela conhecia.
Ai de nós, se a curandeira nos tivesse expulso com tanta chuva e a terra a inundar, trovoada e relâmpago no céu! Estaríamos mesmo lixados visto que daquele lugar até à próxima aldeia havia uma floresta.
Infelizmente, não me entrou na cabeça a ideia de ter uma sessão de consultas com ela sobre o futuro da minha vida.
Creio que os rebeldes do norte não são diferentes dos renamistas que eu vi no seu comportamento perante os membros da população enquanto que é a Frelimo que mata e despedaça membros da população. A Frelimo não pode me enganar que os rebeldes do Norte cometem os crimes que ela atribui a eles.