Por Lawe Laweki
Para resolver a crise de liderança suscitada pela fusão dos três movimentos de libertação nacional – nomeadamente UDENAMO, MANU e UNAMI – o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, um antropólogo moçambicano que viveu e trabalhou nos Estados Unidos da América durante muitos anos, foi visto como o candidato certo, pois não estava associado a nenhum desses três movimentos.
No livro “O Meu Coração Está nas Mãos de um Negro”, a Senhora Dona Janet Mondlane deu a entender que o Presidente Julius Nyerere da República de Tanganica (estado que existiu antes de se unir com Zanzibar em Abril de 1964 e tornar-se Tanzânia) queria que o seu marido, Dr. Eduardo Mondlane, se encarregasse de liderar a frente unida dos três movimentos.
“Julius Nyerere estava interessado em ver paz nas fileiras dos moçambicanos a quem deu hospitalidade no seu país e queria que Eduardo Mondlane se encarregasse dessa tarefa”.
DIVERGÊNCIAS NO SEIO DIRIGENTE DA FRELIMO
Note-se, no entanto, que o Dr. Mondlane não era bem visto pelos líderes dos três movimentos. Em várias ocasiões, durante a sua liderança, esses líderes, bem como outros líderes nacionalistas, orquestravam planos para derrubá-lo do poder. Eles não apenas o viam como um outsider, mas estavam contra as suas constantes deslocações ao exterior, pois as pessoas em quem ele confiava para dirigir o movimento no dia-a-dia na sua ausência nem sempre agiam no melhor interesse da Revolução Moçambicana. Importa referir que, como professor da Universidade de Syracuse, o Dr. Mondlane mantinha-se afastado da sede do movimento durante muitos dias, por vezes durante três ou mais meses consecutivos.
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