Por Fátima Mimbire
Neste dia 7 de Setembro, que celebramos a vitória que veio a concretizar-se no dia 25 de Junho de 1975, com a independência, só consigo pensar na fábula "O Triunfo dos Porcos", de George Orwell.
O livro de Orwell conta que os animais de uma quinta conduzem uma revolução motivada pelas más condições de vida que lhes eram proporcionadas pelo proprietário da quinta. Ao assumirem o controlo da quinta, os animais estabelecem e afixam publicamente as regras do novo regime que designam de Animalismo. Os sete mandamentos do Animalismo estabelecem que aquele que andasse em duas pernas era inimigo, o que andasse em quatro patas ou asas era amigo, nenhum animal deveria vestir roupas, dormir numa cama, beber álcool, matar outro animal e, por fim, que todos os animais eram iguais.
Com o passar do tempo, e ao invés das aspirações que haviam fundado, todos os animais trabalhavam mais e comiam menos comparativamente com o período anterior à revolução. Todos à excepção dos porcos, que haviam assumido o controlo da quinta – passando a andar em duas patas, vestir roupas, dormir em camas, beber whisky, fumar charutos cubanos e matar os animais que contestassem a sua liderança, justificando as suas condutas alterando os mandamentos sempre que eram confrontados com o facto de estarem a incumprir os mesmos. No final, os sete princípios do Animalismo são substituídos por um único mandamento: “todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que outros”.
A forma de agir da elite dirigista moçambicana é semelhante à dos "porcos triunfantes". Venderam ao povo o dinho da liberdade, segurança e bem estar, mas no fim acabaram oferecendo a miséria, o divisionismo baseado na cor partidária, exclusão social e perseguição de todos os que têm opinião contrária ao establishment. Subverteram tudo para que tinham lutado e se tornaram piores que aqueles contra quem lutaram. Deixaram-se corromper pelo poder e pelo gostoso e nutritivo leite que jorra das tetas do Estado. O povo, aquele a quem diziam queree libertar, tornou-se o seu maior inimigo, de tal modo que tudo o que querem fazer é tirar-lhe todos os direitos para que volte a ser escravo ao serviço dessa elite.
Estes 48 anos têm mais sabor à derrota.
Quando é que virá a verdadeira vitória?