Quarenta anos passados da Independência de Moçambique (25 de junho de 1975), as dificuldades na tutela e na reabilitação do património edificado moderno do período colonial (que representa o grosso da edificação dentro dos limites da chamada “cidade de cimento” de Maputo), são evidentes. Os ajustamentos estruturais resultantes de mudanças doutrinárias contrastantes e expressas na adoção de reformas económicas específicas, acrescidas de uma longa guerra civil (1976-1992) que intensificou a deslocação de população rural para as cidades, contribuíram para que se agravasse a degradação progressiva dos seus núcleos urbanos e serviços. O mecanismo de apropriação pós-colonial levou a um processo natural de “refuncionalização” e ao abandono de muitas estruturas urbanas. A densificação da ocupação “informal” das áreas urbanizadas foi acompanhada por roturas nos usos e costumes urbanos, ou por outras palavras, pela ruralização da cidade. A transformação apressada nos modos de habitar e nos hábitos de subsistência, com uma grande percentagem dos cidadãos a socorrer-se de atividades produtivas do sector informal para sobreviver (atividades dificilmente taxáveis), acarretou problemas de difícil resolução, nomeadamente a falta de recursos (privados e públicos) para a requalificação do espaço urbano e dos serviços e a “deterioração” generalizada dos prédios e habitações (arrendadas) da “cidade de cimento”.