PROCESSO HISTÓRICO E DISCURSO IDEOLÓGICO - O CASO DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS E DE MOÇAMBIQUE EM PARTICULAR
Este artigo1 pretende contribuir para o repensar de alguns paradigmas, como o da simples utilização de palavras que usamos de forma corrente para qualificar as lutas armadas de libertação que tiveram lugar em determinados países africanos (ou mesmo noutra parte do terceiro mundo). Moçambique, em particular, e outras colónias portuguesas de Africa de forma mais geral, servirão aqui de guião, mas dentro de um objectivo conceptual mais vasto.
É, de facto, habitual qualificar as lutas armadas que tiveram lugar nas antigas colónias portuguesas como «luta armada de libertação nacional2, ou empregar fórmulas próximas tais como «movimentos de libertação nacional», ou ainda, «frentes de libertação nacional». Encontram-se igualmente outras formulações, tais como a inglesa Freedom Fighters, mas que designa apenas os combatentes, sem carga conceptual. Os países independentes que estes movimentos conseguiram criar, depois de grandes lutas, são designados de «novas nações^ ou, quando queremos precisar antes a sua política de construção, de «Estados-nação». Fala-se também “da crise dos Estados-nação» africanos, em que se incluem os PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa3). A ideia que reaparece sempre é a de nação. E a ideia menos questionada e é, contudo, a mais problemática, tanto pela análise da natureza destas lutas como pela compreensão das contradições actuais destes países.
E por isso que abordaremos o problema numa ordem cronológica inversa, começando pela situação presente e retornando em seguida ao período colonial.
Será que aquilo que é dito é um dado adquirido? Que crise dos Estados-nação?
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