Por Edwin Hounnou
No dia 24 de Agosto de 2022, Angola foi às urnas para eleger um novo presidente da república e uma nova assembleia nacional. Contra toda a expectativa, João Lourenço, candidato do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) foram declarados vencedores à tangente quando tudo indicava que Adalberto Costa Júnior e à UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola) seriam os grandes desta disputa, por razões que se prendem pela má gestão da coisa pública, desde que o país se tornou independente da potencia colonial (Portugal), a 11 de Novembro de 1975.
As vitórias de João Lourenço e do MPLA provam, mais uma vez, que as ditaduras não serão removidas por voto. Os povos submetidos a ditaduras têm que encontrar uma outra forma de como se podem libertar da opressão da nova colonização dos libertadores. O voto serve, em democracia, para o povo julgar e decidir o seu futuro. Em ditaduras, como a dominante em Angola e Moçambique serve, só e somente só, para legitimar o poder dos vendedores da pátria e dos novos colonialistas do povo.
O MPLA venceu as eleições de 24 de Agosto por ter cooptado os órgãos eleitorais e por ter sob as suas mãos a polícia que, como acontece em Moçambique, o comando das forças policiais. Quando a polícia ameaça o povo e diz as pessoas que protegem o seu voto para irem para casa a fim de permitir que os vampiros adulterem os resultados, não merece respeito. Enquanto isso, vimos as grandes diferenças de números de votos a favor da UNITA, mesmo assim, perdeu. Em Angola, a UNITA ganhou os corações dos angolanos. A vontade de ver mudanças ganhou outro ímpeto, mas o MPLA impediu.
Os angolanos mostraram que que querem outras coisas mais interessantes para si e seus filhos. Querem uma Angola mais inclusiva e não corrupta onde até o fundo soberano é um cofre privado de uma família ou de um grupo de amigos. Têm repulsa com os que abocanharam os recursos de todos os angolanos como os fundos provenientes da exploração dos diamantes e do petróleo. O MPLA venceu as eleições de 24 de Agosto por ter cooptado os órgãos eleitorais e por ter sob as suas mãos a polícia repressiva.
Quando a polícia ameaça disparar contra o povo e anda à volta das assembleias devoto a dizer às pessoas que, depois de votar, devem ir esperar pelo resultado nas suas casas enquanto cria o momento propício para introduzir urnas com votos falsos pré-indicados. Enquanto isso, vimos as grandes diferenças de números de votos a favor da UNITA, mesmo assim, perdeu. Em Angola, a UNITA ganhou os corações dos angolanos ávidos de mudanças na governação do seu país. A UNITA ganhou os corações dos angolanos e à vontade de ver mudanças nas suas vidas, o seu quotidiano. Os angolanos mostraram ao mundo que que querem ter outras coisas mais interessantes para si e seus filhos. Querem uma Angola mais inclusiva e não corrupta onde até o fundo soberano é um cofre de uma família ou de um grupo de amigos corruptos, comprometidos entre si.
Em Angola como em Moçambique, as eleições são para reabrir as velhas feridas. Quando as eleições decorrem em ambiente de transparência, liberdade e sem violência, os vencidos saúdam os vencedores. Isso não pode acontecer no nosso país e em Angola porque os órgãos eleitorais, incluindo o Conselho Constitucional, se comportam como parte do partido no poder. As guerras, tanto em Moçambique como em Angola, que aconteceram depois da independência são inteira responsabilidade dos partidos no poder. Não são de mão externa como se desculpam.
Dos instrumentos
A verdadeira mão e terna são os regimes ditatoriais que se julgam escolhidos por Deus para, de forma eterna, governaram os povos dos seus países. O MPLA é um obstáculo como a Frelimo atravessado no caminho do povo angolano e moçambicano. Os povos de Angola e de Moçambique querem paz, desenvolvimento e liberdade. Isso não será possível sem a instauração de governo com novas caras de partidos eleitos sem sangue nem fraudes.
A lição que aprendemos é a de que o voto é insuficiente para remover um regime corrupto. É uma ilusão pensar que uma eleição pode remover um regime ditatorial. A ditadura e os regimes corruptos não ganham uma eleição. Eles vencem uma eleição que o povo anda cansado deles. Os democratas ganham por voto popular que vivem nos corações do povo. O coração ganha, a baioneta vence. O MPLA venceu. Não ganhou nenhuma eleição. Até os clérigos clamam pela falta de transparência e fraude.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 14.09.2022