Organizações enfrentam dificuldades para assistir deslocados em Nampula, vítimas dos ataques no norte de Moçambique. Insurgentes querem confundir autoridades, levando a violência para pontos estratégicos, diz analista.
À cidade de Nampula e arredores chegam cada vez mais vítimas do terrorismo, diz Charles Artur, responsável local da Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados.
O número de deslocados aumentou desde a última onda de ataques, em agosto, não só em Cabo Delgado como também no extremo norte da província de Nampula, nos distritos de Eráti e Memba.
"A situação continua a ser grave. Além dos deslocados que vinham da província de Cabo Delgado, com a nova situação que ocorreu, acabamos recebendo um número maior de deslocados que não estão registados", conta Artur.
O missionário diz que um dos principais problemas para as organizações que apoiam os deslocados é o facto de trabalharem quase às escuras, sem saberem em concreto quantas pessoas deverão chegar.
"Não conseguimos controlar os deslocados da nossa província, não sabemos onde estão. A maior parte são famílias, que se aglomeram num sítio e as autoridades não conseguem identificar se são deslocados ou não."
Contactada pela DW, a Visão Mundial, outra das organizações que está a assistir os deslocados em Nampula, revelou que muitas ONG estão em "standby" à espera de coordenadas do Governo sobre "como" e "onde" intervir.
Violações aos direitos humanos
Até aqui, segundo Charles Artur, a falta de meios logísticos e financeiros também tem dificultado o trabalho.
"Em primeiro lugar, a assistência é psicológica. Procuramos envolver essas pessoas no trabalho da própria diocese e também damos alguma assistência humanitária, comida e esteira".
Mas a ajuda não tem chegado a todos. "Há casos em que as raparigas acabam por se prostituir, para trazer alguma coisa para as suas casas. Registámos ainda casos de crianças que, aos 16 anos, já foram casadas", revela.
Estima-se que metade da população afetada pelos ataques dos insurgentes sejam crianças e jovens até aos 20 anos, reflexo da pirâmide etária do país.
Ao todo, a Organização Internacional das Migrações (OIM) aponta que mais de 800 mil pessoas tiveram de fugir das suas casas por causa do conflito.
Porque houve ataques em Nampula?
Desde 2017 que a província moçambicana de Cabo Delgado, rica em gás natural, é aterrorizada por grupos armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo radical Estado Islâmico.
O Exército moçambicano tem combatido a insurgência, juntamente com os parceiros internacionais, e conseguiu libertar distritos junto aos projetos de gás. Mas as novas incursões, sobretudo desde agosto, voltaram a colocar o país em alerta máximo.
Foi em defesa dos mortos que o meu pai, então ENCARREGADO DO DISTRITO DE MOATIZE, entre 1976-1977, (ainda não havia nessa altura sido indigitado um administrador para o DISTRITO DE MOATIZE... cargo que foi ocupado, mais tarde, por uma SNASP de nome T... não cito aqui), que o quiseram fuzilar por duas vezes. Venceu a razão. É verdade que o Hama Thai teve um papel decisivo para evitar a morte de meu pai (agradeço-o) como evitou que o número de vítimas aumentasse. Só não digo mais nada, publicamente, por ser uma matéria de um livro que futuramente hei-de mandar publicar. Portanto, a reportagem do Expresso é boa mas incompleta.
Zicomo"