EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (112)
Para a Frelimo, a palavra de nada vale, o escrutínio é irrelevante e o que interessa é se a patranha é susceptível de ser consumida pelo maior número de cidadãos.
A Frelimo mente inescrupulosamente. E esta semana, o papel ridículo coube a um tal de Filmão Suaze, um dos porta-vozes do Governo, que veio a público dizer que o Executivo já reviu as incongruências na Tabela Salarial Única (TSU) e submeteu o instrumento para apreciação na Assembleia da República (AR). E mais: reiterou que a nova tabela entrará em vigor ainda este ano. Esta é a oitava promessa (mentira) ou vigésima?
E o tal de Filmão Suaze disse ainda não querer entrar em questões específicas de datas- do pagamento da TSU-, mas garante que o Governo vai pagar a dívida (promessa é dívida) este ano- que caminha a passos largos para o seu fim.
Sobre a TSU, ninguém, no Governo da Frelimo, sabe dizer com precisão o que se passa. Nem o Presidente. Ora, não é lícito dizer que o Presidente, de forma invulgar, está a demonstrar que é incompetente para continuar no cargo que ocupa há sensivelmente sete anos? Isto traduz-se num pedido de demissão do cargo de Presidente da República, que se está a apresentar ao povo, pedido esse, há muito, merecedor de deferimento porque oportuno e conveniente para a rápida reanimação do País em todas as frentes.
Noutros quadrantes, as pessoas assumem as suas responsabilidades. Quem tem uma especial tarefa acometida, seja o que for, desde ministro a director-geral, sabe que a incompetência, a mentira, a deslealdade se pagam com os pedidos de demissão dos próprios.
Há dignidade ou a imposição dela. Aqui parece que somos bugres. A palavra de nada vale, ser apanhado a mentir não fere o pundonor, reina a mentira!
Depois, outra polémica aterra, mais dia, menos dia, e aquilo que seria uma mácula insanável no curriculum, não é mais do que um fugaz episódio que pintou uns jornais. E muito pobre, mas é assim a acção de quem nos governa e, por vezes, tenho receio. Que seja a de nós todos, enquanto comunidade.
Só me resta uma dúvida: a Frelimo nunca quis compensar, justamente, o pobre trabalhador. Por que aventurou para essa coisa de TSU? Será que não é apenas este pacote que é uma mentira, mas sim todo o discurso que ouvimos dos camaradas?
DN – 16.09.2022